quarta-feira, 19 de agosto de 2009

  • O TEMPO E A VIDA
Há tempo para nascer, tempo para morrer… (Eclesiastes, III)

Este poema é dedicado ao João Branco que, segundo a arcana e eterna lei do ser, perdeu o umbigo da vida (Ah!, porque não existe uma pílula do esquecimento da dor, sem termos de esquecer as alegrias dos que nos construíram?):

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida – a verdadeira –
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém – ao voltar a si da vida –
acaso lhes indaga que horas são...
--- Mário Quintana

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