Texto censurado no site do Pastor-deputado Feliciano:
M.I. Pastor-deputado Feliciano:
a sua explicação justificadora é como diz o povo: pior que o soneto. Tenho pena que não seja capaz de distinguir entre o ser racista e veicular uma doutrina racista que justificou, durante séculos, a escravatura dos negros africanos em todo o Mundo. Cita Flávio Josefo (um historiador judeu com cidadania romana que, enquanto oficial das legiões romanas e sob a ordem de Tito Vespasiano – o pai e o filho – participou no cerco de Jerusalém e na destruição do Templo de Salomão, reconstruído por Herodes o Grande, e que, estava imbuído do semitismo pós lei Mosaica), cuja fonte «histórica» é a mesma que hoje temos: a dimensão do mito e que, nesta citação em particular, lavra em erro. Não pode confundir estas considerações de Flavio Josefo sobre a mitologia judaica com as narrações que faz em «Histórias das Guerras Judaicas», que presenciou, foi interveniente e narrou (esta obra, sim, granjeou-lhe a fama de historiador). Mutatis mutandis, mutaitis mutandis… M.I. Pastor-deputado Feliciano.
O seu erro teológico, de que não se retrata, é inferir que a negritude é uma maldição... e que tal maldição é causa da escravidão. Mais: que essa causa da escravidão se mantem até hoje!, que somente o negro que se torna cristão se liberta desse jugo maldito herdado de Cã. Isto é: admite que o negro, por causa da verticalidade da decisão divina, está condenado a ser escravo; mesmo hoje, pois Deus não muda de parecer no devir da História (só a Cruz, e o mandado de Jesus a Nicodemos são susceptíveis de abolir). Que barbaridade! Que afronta! Ver tal assunção num Pastor evangélico e num representante eleito do povo brasileiro é, no mínimo, vergonhoso e infamante. Lê-lo transporta-me ao paleolítico da Teologia.
Isso, Pastor-deputado Feliciano, levado às últimas consequências, poderá vir a ser causa de pedido de cassação do seu mandato como Deputado federal… é que um representante do povo não pode defender doutrinas racistas, promovedoras da escravatura ou de menoridade existencial dos africanos. Atente no absurdo da sua posição…
M.I. P. Feliciano, não me pode acusar de ser um Scápula dos cristãos, não! Sou cristão, e, muito provavelmente, já pregava a Boa Nova antes de V. Senhoria se tornar um cristão. Escrevi-lhe uma Carta Aberta, ontem, e espero que lhe seja útil para perceber a barbaridade da sua posição e, a final, arrepender-se do que disse e reitera.
Não é sua genealogia que fala por si, são as suas acções; pois pode ter ascendentes afro-brasileiros e ser racista (deveria saber que elas não são incompatíveis, logo não pode ser usado como argumento de defesa e de justificação da atoarda racista que veiculou e continua a defender). Mas acredito em si quando diz que que não é racista. O problema é que defende uma doutrina objectivamente racista e justificadora da escravidão, e com tal comportamento viola as leis brasileiras… e é pena não ter consciência disso!
Neste aspecto, não são os seus detractores que o querem enterrar (e também os há e haverá, sei), não. É o Pastor-deputado Marco Feliciano que se enterra a si mesmo, e faz isso defendendo o indefensável, veiculando a barbárie e praticando a aleivosia. Mas tudo isto é um problema de saber, de conhecimento…
A terminar, digo-lhe que se fosse um Teólogo mediano nunca diria que Deus não muda de posição, que a «sua palavra não volta atrás» (a Palavra de Deus não volta para si vazia – mas isso é num outro contexto; é uma questão de domínio da hermeneutica bíblica que, definitivamente, não é o seu forte) pois isso está tão longe da verdade como o fundo da Fossa das Marianas está da constelação de Andrómeda. Bastaria lembrar-lhe, v.g., da estória de Sodoma e Gomorra, do Rei Exéquias, de Nínive ou do Capítulo I do Evangelho de João para infirmar o que diz… enfim, M.I. Pastor-deputado Feliciano, erra e persiste no erro.
Orarei por si, para que Deus o ilumine.
Abraço fraterno
Virgílio Brandão
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