quarta-feira, 1 de julho de 2009

  • QUANDO O SOL MENTE
1. Acordei, e o relógio apontava 6:57 AM. Para compensar ontem, meditei um pouco: caí no pensamento de Ario, na sua ideia de que o Logos não deve ser entendido em sentido metafísco mas moral. É, verdadeiramente, espantosa – mas igualmente perigosa e tentadora – esta ideia do Logos como intermediário de Deus e o Universo. Não me admira que alguns vigias se tenham tornado pretorianos do verbo...
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2. Penso, então, em coisas mais terrenas. É verdade, não se pode obrigar um povo, uma instituição ou uma pessoa a ser feliz – tenho de concordar com Luiz XVI e o seu juízo sobre Turgot. O vício, depois de instalado é como a gangrena – ou se estirpa ou deixa-se o paciente morrer nos seus próprios pecados. «Quem dá pérolas a porcos, acaba, necessariamente, entre os indigentes ou entre os porcos a tentar recuperar as pérolas. Não és o Padre Damien, nem Lisboa é Molokai, ó VB…» – diz-me o meu poeta. Pois seja. Cada um que tome a sua cruz, e a carregue!

3. Afinal, a falência do processo de Revisão da Constituição deve-se ao MPD ou ao PAICV? Não pode haver duas verdades (ou podemos relativar, distinguindo a verdade objectiva da verdade subjectiva?) nesta matéria, pois as actas dizem a verdade e só a verdade. O MPD tarda em esclarecer o povo sobre as suas razões, mas isso terá uma dimensão de mero esclarecimento contraditório do discuro político. As actas, Senhores deputados, as actas… pois, como dizia o outro Virgílio, Solem quis dicere falsum audeat? Sim, «quem se atreverá a dizer que o Sol mente?» Quod non est in acta non est in mundo – lá diziam os antigos, não é?

Imagem: Annia Faustina, mulher do Imperador Marcus Aurelius Antoninus

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