1. Um novo (?) Governo em Cabo Verde? Independentes? Devo andar na sebe da Lua a colher agrião para cachupa...
2. Surpresa a indicação de Manuel Inocêncio Sousa como candidato às eleições presidenciais? A decisão (com nuances condicionais das eleições legislativas) vem desde o ano passado, ainda antes do Congresso do PAICV. Só surpreende o facto de Aristides Lima, de longe o melhor candidato na esfera do PAICV, ter sido aquele que pior votação teve no seio do seu partido, o mesmo partido que se prestou a servir (sacrificando uma postura ética ao se candidatar às eleições legislativas, o que David Hopffer Almada e Manuel Inocêncio Sousa não fizeram...) e que, agora, se sentirá, legitimamente, traído pelas estruturas do partido. Deveria estar avisado, pois José Maria Neves anunciara, há muito, que o PAICV decidiria, “democraticamente”, quem seria o candidato…
A sua opção? Ser um militante do PAICV até ao fim (i.e., um carneiro político do Partido) ou ser, a final, um cidadão cabo-verdiano livre e independente. É, para Aristides Lima, um momento definidor em termos pessoais. «Platão tinha razão» – pensará, com razão. Mas só se pode queixar dos seus próprios pecados, e colocou-se na eventualidade de um venire contra factum proprium. Há muito que tenho dito, e escrito, que um confronto entre Aristides Lima e Jorge Carlos Fonseca qualificaria em muito a democracia cabo-verdiana pois elevaria a qualidade do seu discurso. Não de deixei, depis disso, de anotar o tiro no pé que foi a decisão de Aristides Lima candidato a deputado (com reserva mental quanto ao exercício dessa função) para ajudar o PAICV a ganhar as eleições. Um verdadeiro acto preparatório de um suicídio político num pré-candidato presidencial.
3. Não me surpreende o facto do povo de Cabo Verde não perceber a dimensão do sacrifício pessoal (e de sentido de Estado) de Carlos Veiga ao voltar a liderar o MPD. Poucos políticos, em qualquer parte do Mundo, fariam o que fez. Cimentou o respeito que tinha por ele, especialmente na forma como reconheceu ter perdido o que, do meu ponto de vista, não poderia ter deixado de ganhar. Mas isto é conta de outro rosário...
4. Entrei numa livraria en Las Rozas, Madrid. Não resisti a entrar nela. Está numa rua chamada Juan Ramón Jimenez (um dos meu poetas preferidos) e um livro chamou a minha atenção: El Último Catón, de Matilde Asensi. Começa assim: «Las cosas hermosas, las obras de arte, los objetos sagrados, sufren, como nosotros, los efectos imparables del paso del tiempo.» Ando em busca de tempo para lê-lo com calma, tem 647 páginas e precisa de leitura cuidada, como tudo o que nos resulta belo ao primeiro olhar. E eu gosto de coisas belas, como aquela que Langston Hughes cantava… e a outra que Ortega y Gasset reclamava a humanidade.
Ao fim do dia tudo o que resulta é a sensação de que sermos singulares e bons é, a final, uma ma
Imagem: Celestina o Betsabe, Pablo Picasso (cedo ou tarde comprarei este quadro)