terça-feira, 9 de novembro de 2010

  • A PRÉ-LONJURA

Hoje, desceu ela do altar.
Imortal Afrodite, a beijar a chuva
que são as minhas lágrimas de saudade.

A terra — diz-me Eu —
é o altar maior, abissal como beijo.
Todos somos sacrificados à Hela,
mas o génio sobreviverá ao seu ventre
e à sua justiça subsistirá.

Se não tens génio, usa o que tens.

Todos podemos ser eternos,
na memória do gene da história.
Assim o são Agripa e Caio Mecenas;
Cleópatra e Júlia Domna…

Hoje, desce do altar o sonho.
E abraça-me em silêncio,
sem saber. Consola-me por saber
o que sei: que não sou todos…

E o Mundo é de todos…

E choro por Imortal Afrodite,
lá longe, longe e doce
como o pensamento de amanhã.
----- Virgílio Brandão
----------- 09-11-2010

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