terça-feira, 19 de julho de 2011

  • A REPÚBLICA É VERDE E VAI NUA
Vi e ouvi o debate presidencial. Confrangedor, no mínimo. Não poderia ser pior. Ficou claro o que eu já tinha como uma evidência racional antes de ter acontecido: Manuel Inocêncio Sousa não tem condições, objectivas e subjectivas, para ser Presidente da República de Cabo Verde. Pode ter sido, como foi, um Ministro competente (ainda que com horizontes limitados) naquilo que lhe era exigido pelo Primeiro Ministro de José Maria Neves... mas isso não chega, não chega para ser Presidente da República. E o debate revelou muitas das suas fragilidades endógenas (compreende-se, assim, a inteligente recusa do confronto directo, a dois, com os demais candidatos).

O mais interessante que Joaquim Monteiro disse foi: «O que seria Cabo Verde hoje se após a Independência tivesse adoptado um sistema pluripatidário?» (Que pena o Dr. Almeida Santos não ouvir esta pergunta de um confesso militante do PAIGC... ) Uma pergunta retórica, que ele mesmo deveria responder, pois era, então, militante do PAIGC e sabe razões pelas quais não foi instituida a democracia pluripartidária. No demais este candidato, assim como Manuel Inocêncio Sousa, é um deserto de ideias. É, ideologicamente, um candidato da esfera política do PAICV, e restará saber quando é que desisitirá a favor de Aristides Lima.

A escolha racional só poderá ser entre Aristides Lima e Jorge Carlos Fonseca; os únicos com qualidades subjectivas e funcionalmente capazes para serem Presidente da República de Cabo Verde. Aristides Lima, se (além de ter prestado vassalagem partidária ao Conselho Nacional do PAICV para dele receber a benção do apoio partidário à sua candidatura, e outros pecados mais que deixo para outro texto) tivesse emitido um voto expresso de protesto aquando da mutilação da Constituição da República em 2010, poderia, neste momento, ter legitimidade bastante para falar em nome da cidadania inconformada e defensora dos valores da República e para marcar uma posição de dissidência sistémica e não meramente partidária que, na verdade, resulta meramente instrumental.

A candidatura de Inocêncio é, para o PAICV, meramente instrumental, de tocador de tambor dialéctico que, em parte, serve também para ofuscar a candidatura de Jorge Carlos Fonseca, o que, em parte, tem conseguido. Jorge Carlos Fonseca já terá percebido a estratégia de afogamento, resta saber é se consegue contornar este colecte de forças retórico, esta artimanha política do PAICV que, a dado nível, se tornou fraticida (uma analogia com 1991 será feliz q.b.).

É verde, a República; e segue formosa mas nua...

PS: Por razões ponderosas só agora pude editar este texto.

Sem comentários: