terça-feira, 19 de julho de 2011

DESCARADAMENTE ALELUIA

Tenho fome, de ti.
Trazes-me a madrugada devoluta
como o pão do Sudão;
acaricias-me o estomâgo saliente
e vazio, vazio de carnes em que se tornou
a minha alma corrupta de sonhos,
ostra putrefacta, coisa nua
sem ti para me ruminar nos céus gemidos.
Os homens são maus, eu sei!...
Tu és o seu espelho negro, e te amo
furação de horas longas.
O vento, antes de calar-se de orgasmos,
sussurou-me o seu nome além.
Na esquina das Aleluias
deu-me o seu segredo: o oriente
e o teu manjar.
Era, assim menino, como o poeta
que sonhava resgatar pão quente da terra
gentia e lágrimas doces e felizes dos corações...
...mas os corações são pássaros,
e pássaros não choram, nem pelos sonhos
como tu.
---- 19-07-2011
Virgílio Brandão

1 comentário:

Anónimo disse...

Really.