sexta-feira, 2 de julho de 2010

  • CONTRANSUBSTANCIAÇÃO (1)

Purga-me, ó esfera de rosa e tudo!,
da miséria de ser bom…
Plano nos idos de alma
e já não quero ser o que sou:
pouco menos que Apolónio de Tyana
e o Outro que sou eu.
És capaz, e não sabes.

O que sabes é que és capaz de chorar
se me escutares,
tu que não sabes me dizer não.

Se há Elohins sobre a terra,
justo é que haja YHWHs Sabaoth
e que sejamos todos o que devemos ser
e não o que somos de verdade.
A verdade; a verdade, a verdade…
a realidade é um rio que se enforca de lodo.
______
(1) Escrevi este poema há dois dias; ia ser apagado, mas tive pena dele, e salvei-o a pedido do meu ventre.
Hoje sei porquê!

Imagem: Salvador Dali, Mercury and Argos (1981)

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