quarta-feira, 3 de novembro de 2010

  • A MACARONÉSIA DE JOSÉ MARIA NEVES E A MEMÓRIA COLECTIVA
Li na página do Primeiro Ministro José Maria Neves no Facebook que «Estive nas Canárias para participar na Cimeira dos Presidentes das Regiões Ultra-periféricas da União Europeia, que apoiou a proposta de Cabo Verde de criação da Região da Macaronésia pelos governos de Espanha, Portugal e Cabo Verde, envolvendo os quatro arquipélagos do Atlântico Norte - Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde. A Cimeira Constitutiva deverá realizar-se proximamente em Mindelo - São Vicente»

Uma iniciativa com empecilhos jurídicos consideráveis, mas louvável.

Mas olhe, cá está uma boa oportunidade para se homenagear alguns insignes cabo-verdianos mindelenses, como Adriano Duarte Silva (aquele que o Governo mandou destruir a sua casa, lembram-se? e que pensava, como pensa o Primeiro Ministro José Maria Neves, que Cabo Verde pode ser como as Ilhas Canárias) que defendia a proximidade identitária das ilhas macaronésicas e via no Porto do Mindelo um rival ao Porto de Las Palmas (e era-o, no seu tempo).

O mesmo se diga, v.g., Primeiro Ministro, de Bento Levy. Outro ilustríssimo cabo-verdiano mindelense que, inspirado no exemplo de Las Palmas e de Lanzarote, convenceu o Governo Português (e como se riram dele, por ter estas ideias!) de então a montar o primeiro dessalinizador em cabo Verde (na ilha de S. Vicente). Mais: os projectos de construção do Porto da Praia, de desenvolvimento do Aeroporto do Sal e de utilização de energias renováveis (eólica e solar) para a autonomia energética do arquipélago foram apresentadas ao Governo português do Estado Novo por Bento Levy e Francisco António Martins, no início dos anos sessenta! O devir da história política do país ditou outros rumos de desenvolvimento do país, mas o legado desses ilustres mindelenses ficou! E a razão da necessidade, cedo ou tarde, acaba por afirmar-se na história dos povos. E o Governo de José Maria Neves, um pouco tarde… mas mais vale tarde do que nunca, está a seguir as pegadas desses homens.

Estão esquecidos, mas não deveriam… e por isso me escandalizei, e continuo escandalizado!, com a demolição da casa que foi de Adriano Duarte Silva, do Dr. Fonseca (médico a quem, confesso: devo a vida). Mas não há mal que não se possa resolver, pois não? É uma boa oportunidade para homenagear esses cabo-verdianos do Mindelo. Vamos ver se o Governo tem verve para tanto…

2 comentários:

Anónimo disse...

Tu estás a levantar questões que vão pôr muita gente a pensar sobre todos os encontros e desencontros da sociedade caboverdeana. A verdade e as evidências acabam por vencer e vir ao de cima. Nunca é tarde para as revelar, mas uem ...faz a demostração é quem menos se espera. Vamos de uma vez por todas respeitar a memómria desses nossos antepassados próximos, pessoas de bom senso, tanto vilipendiadas no passado.
Abraço
José

Virgilio Brandao disse...

Abraço fraterno, José.