domingo, 7 de agosto de 2011

  • A REPÚBLICA É VERDE E VAI NUA
Vi, ouvi e revi os dois debates presidenciais. Confrangedores, no mínimo. Não poderia ser pior (o modelo e os apresentadores não ajudaram). Ficou claro o que eu já tinha como uma evidência antes de ter acontecido: Manuel Inocêncio Sousa não tem condições, objectivas e subjectivas, para ser Presidente da República de Cabo Verde. Pode ter sido, como foi, um Ministro competente (ainda que com horizontes limitados; como o foram, na generalidade, os dois últimos governos) naquilo que lhe era exigido pelo Primeiro Ministro de José Maria Neves... mas isso não chega, não chega para ser Presidente da República. E o debate revelou muitas das suas fragilidades endógenas (compreende-se, assim, a inteligente recusa do confronto directo na TCV, a dois, com os demais candidatos) de Manuel Inocêncio Sousa – esteve bem melhor no segundo debate, mas não o bastante para convencer no plano subjectivo –

O mais interessante que Joaquim Monteiro (poderá vir a ser o Tiririca cabo-verdiano) disse foi: «O que seria Cabo Verde hoje se após a Independência tivesse adoptado um sistema pluripatidário?» (Que pena o Dr. Almeida Santos, o tal que veio a Cabo Verde, a convite do PAICV dizer que o PAIGC instalou um «regime democrático em Cabo verde depois da Independência», não ouvir esta pergunta de um confesso militante do PAIGC... ) Uma pergunta retórica, que ele mesmo deveria responder, pois era, então, militante do PAIGC e sabe razões pelas quais não foi instituida a democracia pluripartidária. No demais este candidato (por quem tenho de demonstrar simpatia pela sua enorme coragem cívica), assim como Manuel Inocêncio Sousa, é um deserto de ideias autónomas; é o Delfim, a extensão do projecto político de José Maria Neves que quer ser Presidente sem o ser: uma espécie de Vladimir Putin cabo-verdiano e Inocêncio um presidente do PAICV (Aristides Lima seria o PAICV/Presidente).

A escolha racional, no presente quadro, só poderia ser entre Aristides Lima e Jorge Carlos Fonseca; os únicos, entre os candidatos, com qualidades subjectivas e funcionalmente capazes para serem Presidente da República de Cabo Verde no âmbito das exigências objectivas do país. Mas Aristides Lima claudica ao ser analisado no plano que vai além da técnica e das competências funcionais.

Aristides Lima, se (além de ter prestado vassalagem partidária ao Conselho Nacional do PAICV para dele receber a benção do apoio partidário à sua candidatura, e outros pecados mais que deixo para outro texto) tivesse emitido um voto expresso de protesto – na forma de Declaração de voto – aquando da mutilação da Constituição da República em 2010 e tivesse agido quando a Assembleia Nacional, em vários momentos, por acção ou omissão, violou os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos nos últimos anos, poderia, neste momento, ter legitimidade bastante para falar em nome da Cidadania inconformada e defensora dos valores da República... e para marcar uma posição de dissidência sistémica e não meramente partidária. Mas não; não o fez. (Sei que não quis afrontar o PAICV, pelo que seguiu por uma senda que sabia errada e contrária aos interesses dos cidadãos cabo-verdianos: colocou o PAICV acima de Cabo Verde e do seu povo.)

Aristides Lima teve a atitude fria, calculista e confortável de nada fazer, de não se comprometer com a democracia substancial e com os valores da Constituição de forma a não por em risco o seu projecto presidencial. A sua assumpção da condição de «campeão da cidadania» é, de todo, meramente instrumental, ilegítimo e longe da realidade das suas acções. Isto, e outros pecados que logo ou amanhã editarei aqui, desqualificam-no para a Presidência da República.

Para ser coerente – e popr respeito a mim mesmo, à minha condição de cidadão – não votarei, pois considero que Pedro Pires é, neste momento, um «Presidente» à revelia da Constituição ao exercer o mandato para além daquele que o povo lhe outorgou. Eu, não caucionarei o acto político inconstitucional e juridicamente inexistente de Pedro Pires e que marcou esta eleição; mas isso não quer dizer que os demais não devam votar – devem! E Jorge Carlos Fonseca, enquanto candidato presidencial, tem o meu apoio: se votasse votaria nele pois é quem está, subjectiva e objectivamente, melhor preparado para a função presidencial e é o melhor garante de independência e isenção na defesa da democracia, da Constituição e do Estado de Direito democrático.

No Domingo todos os cidadãos amantes da liberdade, do Estado de Direito democrático e da ética democrática deverão votar em Jorge Carlos Fonseca, para que não haja mais leite derramado, como em 2001 (e que os demais candidatos, éxceptuando Jorge Carlos Fonseca e Joaquim Monteiro, participaram...). O país está farto de homens obscuros... e de situações obscuras; já nos basta ELECTRA.

1 comentário:

Anónimo disse...

A verdade é que Fonseca nao ganha hoje na noite de 7 da agosto.

Mas vai à frente para a segunda volta.

Contrariando as sondagens nao é portanto Aristides que alias nem vai ser finalista na segunda volta.

O povo tem dessas coisas e la escolheu Inocêncio para ser o adversario na segunda volta de Zona.

Zona pode ganhar as presidenciais dentro de duas semanas?

Matematicamente nao, se Aristides regressar à casa e negociar os seus votos com o chefe de posto Zéz Maria.

Mas pode Aristides ser um homem sem caracter, sem personalidade para esquercer que Zé Maria lhe chamou intriguista, traidor e criminoso capaz dce matar Cabral?!

Se ele for homem de caracter z claro que nao pode esquecer e entao tem de negociar mas com Jacinto.

Sim, serà que Jacinto fundador do MPD, é um submarino na candidatura de Aristides com a funçao de apoia-lo na primeira volta para os dois apoiarem Zona e o MPD na segunda volta?

Eu acho que ha que acompanhar o factor Jacinto estas duas semanas.

So Aristides e Jacinto podem fazer Zona ganhar!...