sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ao poeta Presidente

FASCINARE


O poeta sentou-se ao lado do poeta
que lia e sonhava Amiel è beira-rio,
e disse-lhe:

«Amado poeta, tu que sobreviveste a Filipos,
ao corajoso devaneio homicida da respublica
e a Lesbia mais que a tudo
sabes bem o que é amar...
pelo que compreendes a minha cupidez de amar
não o Céu mas mais do que os céus
e a terra fecunda de todos os deuses do demo.

Tu, poeta, sabes que fascinare
não é o que é, como as lagoas têm lodo...
e os sonhos têm humanas gentes a suportá-los...
e por isso são frágeis, por isso fenecem no medo
e ressuscitam na coragem.

Espera-nos um manã de aleluias,
e sei que chegará com o sorriso das manhãs,
a graça das noites quentes e doces
da luz piramidal das gentes pobres e sábias,
o aroma do ventre da terra visitada por Priapo
e que, púdica filha de segredos, disse:
Bela chuva! Límpida água dos céus...
Mas nós, poeta, sabemos a verdade.
A terra é fecunda, e o que vemos nascer diz-nos
que há quem veja água e quem veja semente;
a semente que move o Mundo
e tudo.

Tudo se move com o coração,
mas a razão leva-a a quaternidade.

Isso, poeta, não é sonho;
é fascinare
--- 09-09-2011
Virgílio Brandão

1 comentário:

Ariane Morais-abreu disse...

Deixemos de lado e (de longe) a dita poesia do Presidente para nao cair no delirio...