quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


  • O FIM DA TUTELA DA CONFIANÇA E O MARFINENSE PEDRO PIRES
O Parlamento do Yemen, depois de dois mandatos presidenciais de Ali Abdullah Saleh, decidiu alterar a Constituição do país, para permitir ao Presidente candidatar-se a novo mandato. Sem os limites constitucionais aos mandatos, abrem-se as portas para um mandato vitalício do Presidente Ali Abdullah Saleh.

Afinal, parece que alguém segue os exemplos de Cabo Verde. Hillary Clinton deverá estar a dar saltos na cadeira, ao ver definhar, senão mesmo morrer, mais uma democracia que nunca o chegou a ser. A Secretária de Estado norte-americana deveria saber que quando se dá asas a uma cobra ela poderá transformar-se num dragão.

Esperemos que Cabo Verde não siga todo o exemplo do Yemen, pois o Presidente Saleh segue o do Presidente Pedro Pires, é somente uma diferente quantitativa, nada mais. Ter práticas de países ditatoriais e depois levantar a bandeira da democracia não está com nada, não. Pode até estar na moda… mas em Cuba, na Venezuela, na Rússia, no Yemen e quejandos; não no que desejamos e devemos ser: uma terra verdadeiramente livre, e de um povo verdadeiramente soberano. Mas não somos, pois que não temos nenhuma palavra a dizer quando os nossos representantes políticos usurpam o nosso poder soberano e abusam da confiança que lhes foi confiada pelo voto.

E dói, dói-me profundamente!, ver o Presidente Pedro Pires a lutar pela legalidade democrática e pelo respeito pela Constituição e pelas leis da e na Costa do Marfim e esquecer que o seu país é Cabo Verde, que a primeira Constituição pela qual deve zelar é a de Cabo Verde. Sei que é um pan-africanista, como eram Amílcar Cabral e Luís Cabral, mas há limites para acalentar memórias de um tempo e de um fervor ideológico que morreu há muito; com Kwame Nkrumah, Amílcar Cabral e Sekou Touré e Mamadou Dia... e a força da realidade, que, como sabem hoje os libertadores da pátria, não se engana.

É o fim da tutela da confiança política… mas será preciso matá-la?

Imagem: Amenofis III, fundador da 18ª. Dinastia e conhecido como o "Napoleão da Antiguidade".

2 comentários:

Anónimo disse...

Chéri,
tu n'exagères pas un tout petit peu là...? Il y a certaines comparaisons qui ne se font pas...
Même si je suis un peu réticente, mais si au bout, c'est des milliers de vies qui sont sauvées, alors moi je dis respect!

Virgilio Brandao disse...

Sim?
Acho bem, e aplaudo a acção do Presidente da República no quadro e no plano internacional em prol da paz; e se se salva vidas com isso, melhor.

Agora, defender o direito de outros povos e as respectivas ordens constitucionais enquanto fica calado com a violação da Constituição de Cabo Verde (ele que é o seu guardião) não me parece bem! no presidente da República Pedro Pires. Digam-me, e provem! que estou errado.

O detentores do poder não são os primeiros cidadãos, não; são, sim, os primeiros servos do povo. Essa é a lógica da democracia representativa, e parece que muitos andam esquecidos disso.

Eu não presto vassalagem a ninguém. Sou cidadão. E sei-o.

Noite boa.