sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

  • ASSINOU OU NÃO ASSINOU? A DEMO DEMAGOGIA PRIMÁRIA SEGUNDO JOSÉ MARIA NEVES
Revia o debate Neves/Veiga e dei por mim a pensar que ou José Maria Neves não sabe o que é «criminalizar a oposição» (deve saber, pois mandou um jurista voltar aos manuais…), ou então falta à verdade. Um destes factos tem de ser verdadeiro; e o primeiro prova-se com a Lei formal que «criminalizou a oposição…» Só que tal lei não existe; só está na imaginação e nas palavras do Primeiro Ministro José Maria Neves. Se houve alturas em que cheguei a pensar que tal derivava de uma inaptidão para comunicar com a sociedade, hoje já não penso em tal possibilidade. Demagogia… é a conclusão que emerge.

O Primeiro Ministro José Maria Neves acusou Carlos Veiga de demagogia, fazendo demagogia ostensiva... na televisão e na rádio, para todos verem, mas nem todos entenderem. Na boa linha sartoriana que tanto aprecia. Mas, afinal, também não sabe o que é demagogia? Sabe, e por isso a usa tentando atropelar os incautos da nação cabo-verdiana. Dizer que Carlos Veiga o chamou de «monstro» – quando o agora candidato a Primeiro Ministro disse exactamente o contrário! – é um bom exemplo de demagogia primária. O mesmo se diga da expressão lobos… que é uma metáfora que um até um menino da segunda classe identificaria.

O Primeiro Ministro precisa de um dicionário de conceitos (para não dizer de coisas que não pode nem deve dizer) ou está a usar as técnicas do Gobbels que parece conhecer bem? Quem cita Giovanni Sartori a toda a hora só pode estar a fazer demagogia primária, a apelar à emoção das pessoas em prejuízo da sua razão que o seu discurso trunca e empobrece.

 «Trouxe a poesia e o afecto à política» – diz o Primeiro Ministro José Maria Neves. É uma outra ideia-força desta lógica de acessão à emoção do cidadão eleitor em detrimento da sua razão, do mundus intelligibilis que procura empobrecer com um discurso que não funda nas ideias mas nas emoções. Carlos Veiga deveria ter-lhe respondido: «eu trouxe a Democracia e a liberdade aos cabo-verdianos, um tempo que Você considera perdido». E é verdade, pois na lógica do Primeiro Ministro, que segue Giovanni Sartori, percebe-se que defende a lógica do «partido relevante» que, em última análise, pode levar ao desaparecimento da oposição e a um pluralismo monopartidário; que era o que o PAIGC tinha em mente em 1990/91. E corremos o risco, em Cabo Verde, de ver a lógica do «Governo pela discussão» que prescinde da pluralidade externa, do multipartidarismo substancial.

Agora, a verdade é que no jogo do discurso teledirigido… do Governo através da imagem, Carlos Veiga deixou uma imagem mais forte: do «olhe nos olhos dos cabo-verdianos para verem quem está mentir ou a falar a verdade» de José Maria Neves, o candidato do MPD a Primeiro Ministro usou a imagem de um documento com a pergunta «assinou ou não assinou?». Por vezes o feitiço volta-se contra o feiticeiro, e foi o caso. A imagem, M.I. José Maria Neves, também mente. E quem conhece Giovanni Sartori sabe isso mesmo; pois assim o demonstra em (Giovanni Sartori, Homo Videns – La Sociedade Teledirigida, Buenos Aires, 1998, p.98-101). Não basta citar um autor… é preciso mais do que isso. É como diz Giovanni Sartori: «ao perdermos a capacidade de abstracção também perdemos a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso.» Mas se a imagem e os olhos podem mentir, a verdade é que a assinatura não mente.

Imagem: Wang Guang Yi

2 comentários:

Anónimo disse...

Neste vídeo http://www.rtc.cv/congresso_mpd.wmv o Carlos Veiga, extraído do Jornal da noite na TCV
reconhece que nos anos 90 o MPD: "abri caminho pa mediocridade, pa demagogia e pa populismo irresponsável". Diz mais: "nu disisti di promové na sociedade ideia di renovação, mérito,", e ainda: "nu dexa di seta diferença".
Vale a pena rever o próprio Veiga (e não a pouca vergonha da manipulação) a dizer isso tudo. No entanto, ele vem agora dizer que os anos noventa foram anos dourados etc.
Recordar é viver, sim. Já agora, falou, isso tudo que verão no vídeo, ou não falou???
Luís Almeida.

Anónimo disse...

O Luis Almeida trás-nos mais um exemplo do que é pouca seriedade. Retira cirurgicamente algumas palavras de um discurso muito mais amplo, descontextualizando-o e distorcendo o sentido da mensagem, atribuindo um significado diferente a seu bel prazer, e roubando o direito autoral/inetectual do mensageiro. Isso é batota/fraude!