segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A RECONCILIAÇÃO COM A NATUREZA

A terra é única e tem recursos finitos - é uma evidência primária; mas, a avaliar pelas acções humanas, não temos consciêcia dessa realidade.

A pessoa (prosopon ou personae=papel que o ser representa no mundo) é actor principal no devir do mundo; mas esse protagonismo não é único - temos de ter consciênca disso para podermos viver em harmonia com a demais natureza que, também, desempenha o seu papel no equilibrio da nossa existência comum neste planeta.

A dimensão antropocêntrica do planeta coloca-nos num plano, ao nível comportamental, de um vírus predatório: arrazamos tudo para satisfazer a nossa natureza; não, não são necessidades - ainda que teimemos em pensar o contrário. Quando deixarmos de nos ver assim, talvez, então, melhoremos o que somos...

A demais natureza- que se contrapõe à singularidade racional do humano - é, também, parte do mundo enquanto devir existencial; por isso é, inequivocamente, pessoa e deve ser respeitada como tal. Podemos até vê-la - ainda numa perspectiva redutora - como pessoa-veículo para o fim individual da felicidade, mas não devemos vê-la como objecto abjecto que somente serve para satisfazer os nossos fins...

À uma ética do humano devemos contrapor uma ética para a natureza - uma ética de coexistência equilibrada entre a pessoa humana e a pessoa natureza. Na verdade, esta pode existir sem a humanidade - o contrário; não. Poderão dizer-me que subverto de forma simplista a natureza das coisas, que procedo à uma desconsideração ontológica; pode ser, prima facies - mas não... Decididamente, não.

A Apocatastasis de Origenes - a reconciliação de Deus com toda a natureza (o homem é visto, nesta perspectiva, como parte incindível e não como um maius da natureza ) é o fim último do universo cristão, como ensina a Biblia. E, diga-me: porquê é que temos de esperar por Deus para nos reconciliarmos com a natureza que oprimimos todos os dias?...

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