domingo, 20 de novembro de 2011

  • PORTO GRANDE

Há um furação dentro de mim,
e a noite chora.
Está escuro, tem medo.
Ah, tu não sabes o que é Deus em nós…
…ou sabes o que é essa dor,
essa impaciência de ser o que se é?
Não falo da morte dos crisântemos,
e de um barco humiliante a matar Deus
com a pena… Não!
…É essa razão de flor da memória
que germina em mim em cadência longínqua.
Escuto as vozes silenciosas dos meus antepassados gritando
à janela, com a chuva empapando-lhes a alma
de carvão e sonhos
que o Infante de pedra colectava
enquanto ouvia com eles a voz branca:
Hurry up! Hurry up, hurry up
--- Virgílio Brandão

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