domingo, 20 de novembro de 2011

  • O ORGULHO DA (NÃO) CRISE
De longe escuto, escuto: «Não estamos em crise». Coisa boa, parece. (Abstraio-me da realidade e sou verde-panglossiano por momentos.) O princípio da solidariedade demanda que os Estados que não estão em crise ajudem aqueles que estão. O problema do discurso de que «não estamos em crise» é que, sendo bonito de dizer – orgulhosamente belo, como era o orgulhosamente sós – é um perigo tremendo que os políticos cabo-verdianos se mostram incapazes de esquadrinhar.

Raramente me surpreendo, mas esta inconsciência da nossa realidade real (passe o pleonasmo) e a irresponsabilidade do discurso do Primeiro Ministro e sequazes com o «não estamos em crise» é extraordinária. Isso não é de político que pensa no seu país! (De quem não quer sujeitar-se a uma euthyna; sim...) É que, pergunto: o que o Governo ferá e dirá se os países em crise resolverem cortar as ajudas a um país que não está em crise, que tem uma economia que, ao que parece – é o velho problema da governação para os números, da semântica subvertendo a realidade –, suporta o choque da crise internacional? Quem pode deve ajudar quem não pode... é a base perigosa (e historica e socialmente inadequado) em que assenta o caquético modelo de desenvolvimento nacional.

Uma forma de ajudar os países em crise, em solidariedade para com eles, é Cabo Verde não receber as ajudas que estes dão… pois, coitados, estão a contar os tostõezinhos. Que ninguém se lembre! O orgulho público, matéria de apanágio… é uma coisa que somente os poderosos se podem dar ao luxo de ter. Espero, sinceramente, que o Governo de Cabo Verde não venha a descobrir isso. A verdade é que sempre andou de tanga nunca saberá a falta que faz um fato Valentino ou Armani; e outras coisas mais...  

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