quarta-feira, 5 de maio de 2010

  • ANTE-CRÓNICA NECROLÓGICA

Porque, tu que me comes,
te apressas a consumar o nosso destino?

Não sabes que sou o ribeiro pensante dos sentidos
que te despertam, que ao nascer já era fogo fátuo
e que nunca serei cometa?

Peço-te, por tudo isto que somos,
paciência; se te for manjar aplacador,
podes ver-me como Ezequias
e tu o seu Senhor.

E é quando acordo que sinto que morro
— a cada segundo gasto o meu crédito de vida.
Oh, que banqueira usurária és!
----- Virgílio Brandão

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