- ALMEIDA SANTOS NA ASSEMBLEIA NACIONAL. ELOGIO DA POLÍTICA OU DOS CAMARADAS?
Almeida Santos — falando de ética política na Assembleia Nacional de Cabo Verde, fez uma leitura camarada da história — esqueceu 15 anos da história de Cabo Verde… A um homem de Estado como ele não fica bem um posicionamento político tão parcial que chega a desqualificá-lo para fazer um Elogio da Política. Que peões de vários quadrante se sujeitem a escribas e oradores oficiais de um memoricídio cabo-verdiano, até que o entendo, no plano do conatus essendi, mas não de António Almeida Santos que, e sabe-o bem!, tem a plena consciência de que somente em 1992 é que Cabo Verde teve soube o que é a liberdade... e teve um sistema político democrático.
E como é que Almeida Santos qualificaria a LOPE e a Constituição semântica de 1980? A ditadura de Partido único e opressora — sem separação de poderes, liberdade política, de expressão, de imprensa, de reunião e outros direitos fundamentais — instituída pelo PAIGC/PAICV e que durou até 1992 não existiu? (Chamar este período de democrático, de semi-presidencialismo é… analfabetismo político; e Almeida Santos não sofre, de todo e ao menos, de iliteracia política.)
O que o terá levado a tão inusitada afirmação, em plena Assembleia Nacional de um Estado Democrático que sucedeu a um Estado Autoritário? A conclusão — que parece óbvia — deixo-a ao leitor. A história não se prescreve, ó M.I. Almeida Santos! Cabo Verde ainda hoje está em transição para a democracia; e se Almeida Santos fosse um cientista político — o que não é, claramente — sabê-lo-ia (o que não quer dizer que não tenha o dever de o saber).
Um orador pode até receber o que for para proferir uma Conferência, mas não pode, de forma nenhuma, é alinhar na senda de reconstrução forçada da história de um povo; da história de Cabo Verde, ao caso. É que ou me dizem que este vídeo foi manipulado (o que está na moda) — o que não creio e nem posso crer num país anunciado líder em matéria de liberdade de Imprensa — ou Almeida Santos foi a Cabo Verde fazer um jeitinho ao PAICV; e isso, isso não lhe fica nada bem. É que o elogio camarada não é, nunca foi, ciência e muito menos ética política, pelo menos da política como bonum honestum.
A liberdade permite muitas coisas, menos apagar a História de um povo; de um povo que está orgulhoso do seu percurso — como anotou Germano Almeida —, por mais acidental e difícil que tenha e tem sido.
Ai Erasmo! Ai Tomás Morus!
Imagem: António Almeida Santos, ex-Presidente da Assembleia da República Portuguesa
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