sábado, 2 de outubro de 2010

  • O UNIVERSO DE HUXLEY E CAIM
Um universo de momentos
renasce no teu rosto recriado nos ventos
remansos da memória,
esta fraterna vontade de ser só.

Um nome, ó Deus? Que importa
um nome se a essência do ser-se ilha será
a companhia do desejo manancial
que ciúma o monte que se funda no rio
sonhando-te flor de gerações
e erva aromática de uma vida no cepo?

Olha: do outro lado do espelho
está o universo que absorve os teus encantos,
a vaidade de ferro no inverno,
a espada una de cem mil homens de Sun Tzu,
o diamante envergonhado das Lundas
e todos os mandamentos da física e de Deus.
Aí está Frei Celestino e Francesco Graziano,
Matteo da Orio e Giulio da Salò
testemunhando a maior verdade deste universo:
o mundo venal caindo sobre Giordano
e não eras tu o sofredor, não…
Sou eu através do espelho, amanhã.

E quando chegarem os bárbaros,
os bárbaros Cains de hoje!
sei que terei saudades de não ter o amor de Rûmî,
Al-Hallâj e Swedenborg a vestirem as tardes
da palavra secreta que gerou mil mundos
e é Hela, a grande amante que trazemos no peito ao nascer.
------ 02-10-2010
Virgílio Brandão

Imagem: Símbolo da Inquisição

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