- O BUNKER
Dizia Borges, do panteão dos seus anos
sábios: só se devem ler livros com mais de cem anos…
e por vezes mais — acrescento,
eu que persigo os seus olhos há anos,
desde que abri a alma à beleza.
E foi então que vi o Mundo num bunker
e confessei com Rodin: a beleza
é o carácter e a expressão...
Escravizei-me, furei as orelhas.
Mas onde está a expressão da singularidade,
o sorriso de Deus
e a cor do dulcíssimo gemido
que mana da ternura da pele intocável
e funda das horas com a solidão dos oceanos
e das estrelas virgens?
— Virgílio Brandão
-------------, 21-10-2010
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