sexta-feira, 1 de outubro de 2010

  • OS OLHOS DO AMANTE

Eras tudo para mim: eu era o cálamo
plantado nas bordas do Paul rosáceo
banhado pelos zéfiros
que beijavam o teu aroma
e geravam os deuses das letras que manam a poesia.
Querias ser livre e tudo: líria dos campos
consumida pelos olhares do mundo.

Libertei-te: arranquei as minhas raízes de ti.
Hoje, tu que eras a raiz do meu céu,
a essência do meu Deus
e tudo de tudo que faz o santo,
és tudo para ninguém
e sonhas ressuscitar-me
eu que morri para o amor no Amor
que me embalsamou de tudo o que eras
quando eras minha pupila,
tinha retina e as raízes no olho que arranquei
para não mais ver sonho,
poema e beleza para te comparar.
------ Lisboa, 30-09-1010
 Virgílio Brandão

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