terça-feira, 5 de outubro de 2010

Aos amigos d’A República



  • RES PÚBICA
Antes do Vesúvio ejacular
as chamas da eternidade em anónimos,
Priapo reinava: supremo,
legava sonhos às virgens dos orgasmos.

A pedra nua, esmagada por cinza e lava
— ruína, dizem os inocentes… —
testemunha amores desesperados antes do sémen
da terra deixar nos teus olhos
a cor e o odor da beleza dos gemidos.

Dizem-me as constelações vizinhas
que Priapo morreu na cidade uxori;
mas eu, eu que atesto a tua dor e o teu doce olhar de horror,
sei que o teu paraíso em fogo ressuscitou Deus
e lançou-O líquido e puro entre as margens do Nilo.
---- 05-10-2010
Virgílio Brandão

Imagem: Priapo  Villa dei Vieti; Pompeia

2 comentários:

Tchale Figueira disse...

Belo Poema Virgilio.

Existe um poema: Venus e Príapo de Alberti, também um poema con cojones.

Abraço.

Tchalê

Virgilio Brandao disse...

Obrigado Tchalé; é bondade tua, olhos amigos.

E sim; o poema incestuoso de Alberti é um belíssimo poema...
Abraço fraterno