segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A ELECTRA E A VIDA SEXUAL DOS CABO-VERDIANOS

Como fica a vida sexual dos cabo-verdinaos com as falhas continuas de água e de luz? Eu, se estivesse a viver aí, processaria a ELECTRA por danos morais! Por privações várias, que deixo o elencar à imaginação do leitor. Não são poucas; ai não são não… Que lesados, os Adeptos de e do Kamasutra. E já nem falo, ainda e também, do perigo e dos danos para a saúde pública e mental de um povo que vive – pelo menos de boca tal se apregoa – a sua sexualidade de forma alegre e plena. Os danos causados pela ELECTRA são maiores do que parecem. Céus!

Não ler Os Lusíadas plenamente em CV – por falta de Luz ou de vários dias sem água, é um dano moral grave... com o nexo de causalidade no imcumprimento contratual da ELECTRA. Mesmo com as vantagens do Mar, continua a ser um dano. A vida sexual das pessoas sofre, e ainda mais de descobrirem o caminho do Aleluia.

Imagino que tal situação promova casamentos relâmpagos, fidelidades necessárias, celibatos forçados e… a ter Schopenhauer razão, o amor no seu real sentido. Bem, seria assim, se deixássemos as hormonas e feromonas trabalharem, mas não! Chanel, Óscar de la Renta, DKNY e demais aromas disfarçarão o que somos; e matarão o amor real, primitivo. Nem com o Amor à terra a ELECTRA se salva; e ela deveria saber isso, pois a original disse ao Monarca da sua terra que os direitos das pessoas sobrepõem-se às razões de Estado.

A única forma de ter algum benefício disso é (perdoai-me rapazes!): aprendam a conhecer o cheiro do vosso parceiro; se saltar as grades das juras de fidelidade – 99% das vezes falham – bastará usar o olfacto para saber por onde andou. Vê-de, como a ELECTRA é como o Diabo? Abre os olhos ao povo… e fará muita gente sair do paraíso. Os danos ELECTRA, mesmo quando se tenta torna-lo num bem, são terríveis. Mas podem fecham os olhos a isso, não? Há tanto tempo que fecham os olhos à ELECTRA…

Imagem: Nu no Mar – Salvador Dali, 1925 (A imagem é, provavelmente, de Anna Maria Dalí)

  • VOZES DE ATENTAR
«Não concebo que alguém, no ano das eleições, surja numa televisão 64 vezes. E muito menos concebo que surja numa televisão de um correligionário 64 vezes. Há um abuso, para mim e com a devida vénia, escancarado, do poder económico» – Marco Aurélio, Ministro do STF e do Supremo Tribunal Eleitoral.
 .
»»»»» Video do TSE, com interesse no plano da sociologia política, e este com pertinência no âmbito da mensagem política subliminar que consusbtancia propaganda eleitoral prévia ou antecipada.  


  • VOZES DE ATENTAR
Nulle puissanse humaine ni surhumaine ne peut légitimer un effet rétroactif – Mirabeau.

Imagem: As formigas – 1936-1937– Salvador Dali

sábado, 29 de outubro de 2011

  • Patriae Tempus Iniquum
Image: Brueghel  The Parable of the Blind Leading the Blind 

  • HUMANA CONDITIO
"If you tell a lie big enough and keep repeating it, people will eventually come to believe it. The lie can be maintained only for such time as the State can shield the people from the political, economic and/or military consequences of the lie. It thus becomes vitally important for the State to use all of its powers to repress dissent, for the truth is the mortal enemy of the lie, and thus by extension, the truth is the greatest enemy of the State"  Joseph Goebbels.

Image: Bruegel Big Fishes Eat Little Fishes, 1556

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

  • PALABRAS DE SABIDURÍA
    La verdad tiene muy pocos amigos y los muy pocos amigos que tiene son suicidas - Antonio Porchia. .

terça-feira, 25 de outubro de 2011

  • AETERNAE MATER
Um dia todos entenderão que os ditadores também têm direitos humanos; sim, um dia todos entenderão que a democracia, e os valores da dignidade humana, não se impõem nem se decretam pela força.

Um dia todos entenderão que a única forma de se vencer a barbárie e o mal é não ceder à tentação de agir da mesma forma; a não ser um discípulo de Talião.

Um dia todos e entenderão que o Mundo não é a preto e branco no plano ideológico, e que devemos ser plurais na defesa da identidade e liberdade retórica do outro, e morrer por isso se necessário – como dizia Voltaire.

Um dia todos entenderão que pela razão todos os preços são poucos, e que somente estando nas pégadas do outro o entenderemos.

Um dia todos entenderão que o facto de sermos criticados não nos torna menores como pessoas mas indica-nos caminhos alternativos, e que se formos humildes o suficiente perceberemos que a humanidade é um arco-íris ético que merece ser preservada; e que todos podemos aprender uns com os outros, que é a diversidade que torna o Mundo e a humanidade aquilo que é.

Um dia todos entenderão que prescindir da alternativa do outro em razão do que pensamos ser «A verdade» é o maior perigo para a liberdade humana.

Um dia todos entenderão, fatalmente, que a dignidade das pessoas não necessariamente que ver com o garantir o seu ganha-pão mas com o que são como pessoa.

Um dia todos entenderão que um Homem nunca se dobra; e que por dentro todos são gigantes com pés da sua natureza.

Um dia todos entenderão o que significa construir o futuro, mas já lá estarão; e não poderão fazer nada para o seu.

Um dia todos entenderão o que deve e pode ser entendido; mas então o tempo terá feito o seu juízo. Isso é a eternidade; a mãe de todos mas que somente ama alguns – os que não pode esquecer.
---- 15-10-2011

  • VOICES OF HISTORY
We shall have World government whether or not we like it. The only question is whether world government will be achieved by conquest or by consent – James Warburg.

Image: Rockefeller and Khrushchev

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

  • DIÁLOGO DE QUOTIDIANAS PRADO E SUA SOMBRA

Fugi a vida toda dos ditadores;
por vezes até os perseguia na esquina dos verbos.
Hoje, senti-me livre no pensamento
e pergunto-te ó espelho:
— Estou livre dos ditadores?

Ele não responde; afinal os espelhos não falam…
Mas oiço uma voz dentro de mim,
e fala como se fosse o espelho ou a Helena de Eurípedes:
— Não, não estás Quotidianas.
— Não estou!?
— Não, resta um último ditador.
— Onde está ele? Quero matá-lo,
e vou usar a arcana tortura dos cinco cavalos!
— Está aí, é o teu próximo…
— Como se chama, o ditador ó Zoe?…
— O ditador, és tu.
E saí a correr, a procura de Tu.
Sou Ricardo III sem cavalo; mas sou feliz
pois lá vem o Apocalipse emprestar-me os seus.
Eu agarrarei a cabeça do ditador,
e não mais haverá ditadores no Mundo.
------Virgílio Brandão
24-10-2011

domingo, 23 de outubro de 2011


LA REFORMA DEL JUICIO DE AMPARO EN MEXICO
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  • MUAMMAR AL QATHAFI E O TPI
As últimas palavras de Qathafi foram: — «O que foi que te fiz?» Antes de ser espancado, de forma a configurar tortura no plano do Direito Penal Internacional. Sob tortura, age como um guerreiro para esconder a dor, grita (com uma coragem e consciência da sua mensagem para o Mundo e para a História): — «Allah Akbar — Deus é grande».

Um paradoxo, pois acaba de nascer um martir da revolução africana, tendo a «democracia» como algoz. A história deste momento não merecia uma situação desta; nem o início nem o desfecho desta crise Líbia.

Estamos, no caso da morte de Muammar Qathafi, perante um crime de guerra e que cai sob a alçada do Tribunal Penal Internacional. Onde estão, agora, as Convenções de Genebra sobre o Direito da Guerra e o Estatuto do TPI? Estou certo que a ONU, os EUA e a Europa irão arranjar uma forma airosa de poupar o Conselho de Transição da Líbia e evitar que sejam levados a julgamento. Sim, o que irá fazer o TPI, perante factos tão flagrantes? Emitir mandatos de detenção contra os insurrectos que mataram o Líder da Revolução Líbia e têm mais de 7.000 pessoas em prisões, sem culpa forma e cujo destino pode, a qualquer momento, ser o de Qathafi? Espero que, em consonância com outros casos, como o de Jean-Pierre Bemba a ser julgado em Haya, o dinheiro de Muammar Qathafi ou da Líbia nos Bancos europeus (nomeadamente em Portugal) não seja entregue a estes homicidas sob o pretexto de «pertencer ao povo Líbio», e fique caucionado para indeminzar a família de Qathafi e de outros igualmente torturados e mortos desta forma tão bárbara.

As provas deste crime inudaram a rede; mas serão censuradas até deixarem de existir. Mas Alah Akbar, sim. E Deus é o Scientiarum; não há outro. Mas justiça de Deus, esse é ele que faz. Até esta morte é – como o fora a de Nino Vieira –, para mim, uma prova de que não somente Deus é grande como está atento. Agora, objectivamente falando: quero ver o do TPI a agir. Quero ver o Procurador Moreno-Ocampo ir a correr a emitir um mandato internacional contra esses criminosos que se dizem «libertadores» do povo Líbio e que deveriam executar o mandato do TPI.

Não executaram o mandato de detenção, executram o homem; um prisioneiro de guerra. E agora, Moreno-Ocampo? E agora, TPI? A lei é para todos. Este é mais um teste para o TPI, que tem, em verdade, falhado tantos. As mesmas razões (acrescidas de outras mais gravosas e provadas) que o TPI invocou para mandar prender Muammar Qathafi procedem em relação a muitos outros líderes internacionais — de George W. Bush a Tony Blair que fizeram uma guerra criminosa e à margem do Direiro Internacional contra o Iraque.

Mas quem ouve o Procurador Moreno-Ocampo percebe — naturalmente e sem grande esforço — que se está perante um político e não perante um homem de uma estrutura judicial. Isto não é a melhor forma de começar um Domingo; mesmo com um furacão dentro de mim, ainda que ausente.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011


CHEGARAM OS BÁRBAROS
Vi estes democratas, que são aplaudidos pelo Ocidente e não pude deixar de parar o que estava fazendo, para Ler um pouco o Livro Verde de Muammar Al Qathafi, e não alinhar com os cantores e os cultores do silêncio assassino. Esta é a democracia que quem criou o conceito temia... Morre, como se o último dos moicanos fosse, o último verdadeiro cultor do sonho pan-africanista de Kwame Nkrumah e Amílcar Cabral: Os Estados Unidos de África.   
  

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


THE END OF PROVERTY?
Os bonos San Luis Petosi 1843 e 1865 - 4 Presidentes (com a base de que os Mineiros falam neste documentário), por exemplo, pagariam a dívida Portuguesa e a Grega numa única operação financeira... e poderiam acabar com a fome em África ou nas Américas a Sul.

Os cidadãos não são sabem o que realmente se passa out there...

  • O OUTONO DOS VALORES
O Governo de Passos Coelho e o FMI estão a destruir o Estado Social de Direito democrático... e todos seguem assobiando para o ar. Violam-se direitos fundamentais em nome de uma ordem económica e de um Défice Público que, parece, se não se cumprir com a meta x, y ou x alguém morre. Mas quem?

Sacrifica-se a ordem social e a ordem jurídica. Instala-se a crise de facto e a psicológica (esta é a pior de todas) e o consumo e o investimento – motores da economia – irão desfalecer, necessariamente. Mas isso são decisões politicas, sujeitas às leis económicas e aos caprichos do mercado; e não devem brigar com os direitos fundamentais dos cidadãos – nomeadamente coma propriedade. É o bê-á-bá da cartilha liberal, ó céus!

A desconsiderar dos direitos adquiridos, a afectação do conteúdo essencial do direito de propriedade (diminuição de salários, de subsídios de férias e de Natal), a prescrição cirúrgica da autonomia contratual com o aumento unilateral e ex lege do horário de trabalho, a violação do princípio da não regressão dos direitos fundamentais… tudo acontece com o Outono. Mas os valores não devem ser prescritos pelo mero interesse económico. Ou será que o Ethos constitucional Português foi prescrito sem mais, e que o que conta é o interesse económico e nada mais? Pacta sunt servanda, sim; mas não com o sacrifício excessivo dos cidadãos, nomeadamente dos mais necessitados. Pacta sunt servanda, sim; mas não com o sacrífico dos valores em que assentam a ordem social e constitucional do país. O Governo de Passos Coelho inverte as coisas: é demais Estado onde deveria ser mínimo e é mínimo onde deveria ser mais Estado.

  • PERGUNTAS DE CIDADANIA
Será que temos consciência de que o PAIGC representou um retrocesso político para Cabo Verde?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

  • FIDELIDADE

Ontem caí na memória do perfume
da minha amada.
Era um sonho vertical, de luz
e de gemidos instruídos aos Nefilins.
Lá longe, a amada do poeta lava a alma
enquanto a noite escura fica grávida de sonhos,
de sonhos de luz,
sonhos de quem já não vê a natureza
das estrelas
e só vê o buraco negro,
a filha do Kaos que nos consumirá
a essência, amanhã.
E é por isso que me coloco no altar
– hoje que é toda a eternidade –
da minha amada longínqua, a quilómetros
de desejos.
Como não sou cordeiro, e estudo dragonaria
oferto o que tenho de divino:
a minha fidelidade.
------ Virgílio Brandão
17-10-2011

  • PEDRO PIRES E AS RAZÕES DA FUNDAÇÃO MO IBRAHIM

A Fundação Mo Ibrahim distinguiu Pedro Pires. O homem, de repente, está coberto de ouro. A quantia é considerável, para os tempos que correm; e se souber fazer bom uso dela – como deverá, em razão da natureza do prémio – a comunidade sairá a ganhar. Agora, as premissas da Fundação Mo Ibrahim para atribuir o prémio de 5 milhões de $USD anuais, durante dez anos (acrescidos, decorridos os 10 anos, de 200.000 $USD anuais e vitalício), ao ex-Presidente Pedro Pires são falaciosas; e, na minha opinião, não são aplicáveis a Pedro Verona Pires. Este, lembro: (i) foi Primeiro Ministro de um sistema político ditatorial e violador dos Direitos humanos dos Cabo-verdianos, (ii) chegou à Presidência da República com «leite derramado», (iii) foi um Presidente da República ausente ao nível social e institucional e, a final do segundo mandato, (iv) aceitou um escandaloso prolongamento do seu mandato (a) a revelia da Constituição, das normas fundacionais do Estado de Direito democrático em Cabo Verde, (b) não exercendo as funções de guardião político da Constituição, (c) desconsiderando a soberania popular que o elegeu a não dar nenhuma satisfação ao povo de Cabo Verde quando o seu poder foi usurpado nas suas barbas.

Neste quadro, e até sendo bondoso, não poderia, em boa justiça, ser depositário de um prémio que deveria, em princípio, celebrar a excelência no exercício do poder político e o respeito pelos valores da boa governação; e, salvo melhor opinião e que me prove o contrário, não existe nem boa governação nem bons governantes quando não se respeita a Constituição e os Direitos humanos dos cidadãos. Fica a ideia, pelas palavras de Ahmed Salim Salim, que o premiado era José Maria Neves e não Pedro Verona Pires...

Até parece que a Fundação Mo Ibrahim não conhece nem a história política de Cabo Verde nem o sistema político cabo-verdiano. Mas conhece, e tem o dever de conhecer.

Mas, então, porque este prémio, agora? – perguntar-me-á. Bastará conhecer a Fundação – v.g., verificar o ethos da sua retórica –, e não nos admiraremos em nada com este prémio; agora e neste momento. Prémio que, na verdade, é uma doação para o PAICV prosseguir a promoção dos fins e dos objectivos que estiveram na criação do PAIGC e toda a troupe pan-africanista. (Terá o leitor seguido, v.g., os discursos da última Assembleia da ONU, e cotejado isso com as últimas intervenções públicas de Pedro pires cidadão?) Alguém tem dúvidas? Que os tire, pois a informação está disponível, basta saber lê-la, escutá-la, e interpretá-la devidamente. Não me vou alongar em teorias, basta(rá) ver as declarações de Pedro Pires, logo depois da tomada de posse de Jorge Carlos Fonseca como Presidente da República, e compará-las com os do dia que ficou a saber oficialmente que o prémio lhe foi atribuído.

No plano estrito da promoção do pensamento, nada de particular a dizer sobre os fins; desde que seja no quadro das instituições democráticas e dos valores da Constituição. O dinheiro existe para fazer as pessoas felizes; para tornar este Mundo melhor do que o encontramos. Para pouco mais serve... E quem o tem em quantidade suficiente, como a Fundação Mo Ibrahim, a ponto de escolher um homem e transformá-lo num dos cidadãos mais ricos da sua nação, pode fazer mais… pois tem o dever de fazer. Mas este é, de todo, um outro prisma com que se deve olhar a Fundação Mo Ibrahim e a sua relação com Cabo Verde e os demais Estado africanos que vem escrutinando nos últimos anos. O que interessa, agora, é a razão e fundamentos deste prémio.

O que a Fundação Mo Ibrahim faz, com este prémio, foi/é realizar o sonho pan-africanista do socialismo independentista de déspotas esclarecidos que, pelo menos no plano histórico, Aristides Pereira e Pedro Pires são a referência em Cabo Verde: estar no poder para sempre, segundo um dado prisma de ver e estar no poder. Pedro Pires perde o poder político directo e passa a deter o económico, um considerável poder económico no contexto cabo-verdiano; e, estrategicamente aplicado e potenciado, poderá afectar o equilíbrio social em determinadas áreas da sociedade cabo-verdiana. A democracia tem destas coisas; pois a matriz da nossa Constituição, ex natura, não prevê de forma expressa todos os cenários. Por isso, como dizia bem no outro dia o Presidente da República – Jorge Carlos Fonseca, todos devemos ser guardiões da Constituição; mais digo: devemos estar alertas e vigilantes, e não deixar o silêncio vencer as nossas razões.

Este prémio é, do meu ponto de vista, uma forma mediata e subliminar de ingerência política na vida dos países africanos por parte da Fundação Mo Ibrahim que, em verdade, promove um determinado ideário histórico e político que briga com a autonomia e a autodeterminação histórica dos Estados. «Temos de nos preocupar com o futuro», diz o laureado com um prémio que, é, no plano pecuniário, de longe, muitíssimo superior ao Prémio Nobel mas não visa, objectiva e subjectivamente, premiar o mérito mas dar condições a quem, na perspectiva da Fundação, tem condições para conseguir os seus objectivos.

O prémio tem, até na estrutura, uma dimensão de ingerência e de intervenção social e política mediata. E nisso, de nos preocuparmos com o futuro do país, concordo com o ex-Presidente Pedro Pires que, ao que parece – pelas suas declarações, e que não é novidade de todo –, coloca os camaradas e a história do PAICV em primeiro lugar, acima de qualquer outra preocupação social, qualquer outro problema que aflija ou possa afligir os cabo-verdianos em geral. Foi a primeira reacção… e, se perguntarem a o estudioso da Psicologia este dir-lhe-á, prezado leitor, que o que importa não é como agimos, mas como reagimos. Este, o reagir, mostra o que somos e pensamos na verdade, mostra o nosso verdadeiro «eu» o nosso «inner man», dizem os anglo-saxónicos. (recordo ao leitor que, poucos meses atrás, perguntavam a Pedro Pires o que pensava sobre um dado problema social; e respondeu que «não tinha pensado sobre isso». E se «não pensava» nos problemas sociais como Presidente da República… como irá pensar neles como homem rico?)

Mas este prémio fica-lhe bem, pois é um prémio dos seus pares pan-africanistas. Espero que não seja uma tentativa de usar o manto dos dólares, dos milhões… para nos impor um Presidente paralelo, de cidadania musculada pela força do dinheiro, parar disseminar a Agenda política pan-africanista.

Mas este prémio fica bem a Pedro Pires por duas razões: (i) Pedro Pires não roubou o povo Cabo-verdiano para enriquecer depressa e bem; (ii) Pedro Pires, mau grado ter sido o Primeiro Ministro do regime ditatorial, foi, no plano económico e social, um bom Primeiro Ministro gestor em face das circunstâncias (o que venho dizendo nos últimos sete anos em escritos aqui no Liberal, e pelos vistos, a Fundação Mo Ibrahim cauciona com este prémio; por tê-lo concedido ao ex-Presidente e ex-Primeiro Ministro, mas é este que tem, no nosso sistema político, funções governativas para a sua «boa governação» ser avaliada e não aquele). Este prémio, como se pode ver… briga com o conceito de «boa governação», mas admito a sua bondade (sendo sofrível numa instituição que promove a ciência, a investigação e a excelência) se o critério tiver sido o do pragmatismo e se se considerar um conceito ad hoc de boa governação dissociada do respeito pelos Direitos humanos que, no Consulado do Executivo de Pedro Pires (1975/1991) não existia.

Fica, no entanto, a ideia – no rigor dos conceitos e das situações históricas – de que a Fundação Mo Ibrahim entende que pode haver «boa governação», excelência desta até!, num quadro político das democracias semânticas e autoritárias que fizeram história no pós independência (do «socialismo africano» ao Nkrumahnismo, passando pela ditadura pragmática cabo-verdiana) e que muitos, ainda hoje, vêm virtualidades. Posso olhar e entender as situações com bondade, mas não cauciono este tipo de pensamento, pensamento que, também ele, briga com a ética democrática do Estado de Direito democrático.

Mas esta é uma questão que extravasa esta nota, e não vou da sua paciência, ó prezado leitor. O que Pedro Pires vai fazer com o dinheiro? A ver vamos, a final; mas parece ter um destino preciso, ainda antes de publicamente conhecido. Espero que não venha ter a natureza de fundo fiduciário político do novo pan-africanismo. A democracia – e a liberdade que transporta, dizia, também tem destas coisas; também tem os seus perigos endémicos. O «Governo pelo consenso» propugnado por José Maria Neves, e importado do pensamento de Giovanni Sartori, é um deles. Escapamos dele com as eleições presidenciais, e, agora, vejo uma armadilha silenciosa a rodear o Presidente da República – Jorge Carlos Fonseca e o MPD.

Ao se falar, reiteradamente, em «coabitação política – o que é uma falácia – tenta-se virar o feitiço contra o feiticeiro. Esta lógica, que não é verdadeira nem representa a verdade, pode vir a ter custos consideráveis no futuro; para o MPD e para o Presidente da República que poderá ver a sua acção política, que se quer e se deseja de vigia efectivo do poder político no quadro constitucional, sob suspeição sempre que a sua acção não seja de cooperação cega (como foi a de Pedro Pires na Presidência) com o Executivo.

O Presidente Jorge Carlos Fonseca (o único Presidente… pois isso de chamar «Presidente» a ex-Presidentes é um americanismo bacoco contra a lógica do nosso sistema político e a Democracia: findo o mandato o cidadão volta à condição de simples cidadão da República, não mais se identificando com a Instituição e desprovido dos galões do Órgão de Soberania Presidente da República que só o povo, nas urnas e por sufrágio universal, directo e com mandato temporalmente definido, pode conferir) é um Presidente emergente da sociedade civil, e que teve um justo e merecido apoio político do MPD e dos seus militantes, sem questionamento ou cisões. Mas não é, como seria se fosse eleito, Manuel Inocêncio Sousa. O actual Presidente da República não é um Presidente do MPD ou um Presidente da Oposição ao PAICV. Não é um Presidente da República com poderes executivos poderes executivos e/ou militante de um partido político (como seria, v.g., Aristides Lima se fosse eleito e representasse a facção Pirista na Presidência da República – aí, sim, teríamos coabitação de tendências do PAICV…).

Neste ciclo político que agora se inicia não podemos ter um Presidente rico e um Presidente pobre; um no Plateau e o outro rodeado dos milhões da Fundação Mo Ibrahim; até porque a Constituição, e soberania do povo, só admitem um Presidente Da e Na República. Veremos onde irá Pedro Pires com 5 milhões de dólares por cada ano que Jorge Carlos Fonseca irá, previsivelmente, passar no palácio presidencial. É que os homens (com excepção daqueles que curam mais das coisas do espírito que das riquezas), quando repentinamente ricos, perdem uma qualidade, quando o têm: a humildade e o senso de realidade. O dinheiro afecta a maioria das pessoas. As excepções, reitero, são as pessoas como um amigo que, há poucos meses, perdeu 22,5 milhões de dólares num ápice. Agiu e age como se fossem 22,5 dólares.

A Fundação Mo Ibhraim e a todos nós, é bom lembrar o que dizia o profeta: Vae qui dicitis malum bonum, et bonum malum (Isaías, V.20). Sim, «ai de vós os que chamais mal ao bem e bem ao mal!». Mas isto, isto é pregar no deserto?

PS: A ideia proposta a Pedro Pires, de criar uma Fundação, é… de rato: evita a tributação, e, assim, ajudará as prósperas finanças nacionais. E esta, hem? Belos amigos de Cabo Verde!

WORDS OF WISDOM

It's easy to pity, Sidonie, but so much harder to understand. If you understand someone, don't pity them, change them. Only pity what you can’t understand – Petra von Kant.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

  • Quantos milhões são? Se lhe disser, nunca saberá...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

From nothing you become sad.

From nothing you become happy.
You are burning in the flame,
but I will not let you out
until you are fully backed,
fully wise, and fully yourself.
--- Rumi

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

VOZES DE ATENTAR
O homem é uma grande criatura, sem dúvida; mas não tanto para reivindicar uma admiração ilimitada – Giovanni Picco della Mirandola. 

sábado, 8 de outubro de 2011

QCedei à beleza, como se cede à arte...

P
De que nos queixamos nós, afinal?

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

  • O MAL ENDÉMICO, A SOLIDARIEDADE E OS FILHOS DA MÃE LUSA  
Uma nova ELECTRA. Dividida em duas – Norte e Sul; e novos equipamentos de contagem de energia. A receita milagrosa que o Ministro Humberto Brito encontrou para acabar de vez com a falta de luz… e de água. Com os problemas de tesouraria existentes – e não só, pois o problema da empresa de água e energia é estrutural, no plano organizacional e material – a solução é mais estrutura e mais despesa em material circulante que, necessariamente, irão onerar ainda mais a ELECTRA. Isto é, soluções paliativas. Será que toda a gente vê o mal, menos o Governo? A natureza humana é pródiga na invenção, e o cabo-verdiano é prova disso; pelo que a incompetência poderá, a seu tempo e se já não deve(rá), ser confundida com a maldade.

Sugiro ao Ministro Humberto Brito (que, como o Primeiro Ministro José Maria Neves, continua a não saber qual é a diferença entre «roubo» e «furto» – e estes são os governantes e legisladores que temos…) uma acção solidária para com o povo de Cabo Verde: deixar de ter água e luz na sua residência até todos os governados terem água e luz também. Ah! Se fosse no meu tempo… em que os meninos de Rebera Bote eram indobráveis… o Ministro das águas não meteria água, de certeza. E o Ministro da luz, arranjaria engenho de dar luz ou dar à Luz, certamente; pois que aceitaria, voluntariamente, esta sugestão; que seria feita de viva voz e com uma palmadinha de brôda nas costas. Os tempos são outros, e Rebera Bote está longe; e os seus filhos amansados pela estrela negra – I mean, noites negras; Mancha Negra que, sem recurso a pau de Milícia Popular, até a anima de gritar «não!» furtou do povo Cabo-verdiano. A pobreza, sabe-se, dobra as pessoas, escraviza a dignidade e excisa a capacidade de reivindicação individual e colectiva.

Mas podíamos assumir, de vez, a condição de gente livre? Não o PDM para inglês ver, mas o país de Luz, e de Água para todos, p’tud gent. Quase que oiço gritos na madrugada, depois dos gemidos mil do rasgar de Os Lusíadas:
No ka kre gota d’aga; no cre aga forte n’tornera´pa podê lavá Rio a vontad.

É tempo de dizer não, de não aceitar que bens jurídicos fundamentais da cidadania (onde andam todos aqueles que votaram em Arisitdes Lima e em Jorge Carlos Fonseca?) sejam usados como armas de controlo da população. Desemprego e problemas sociais e pessoais conexos, falta de água e luz – que remete a pessoa para uma infra dignidade – retiram dignidade pessoal e social às pessoas, amansam-nas e tornam-nas susceptíveis de controlo. O aumento da insegurança – como o que acontece em Cabo Verde na última década – obriga a um recolher obrigatório dos cidadãos, obrigados a viver num submundo da realidade do nosso tempo. É, em minha opinião, uma crueldade; uma maldade do Governo sobre o povo de Cabo Verde.

Independentes, nós?… Só no plano jurídico-constitucional. Pois se até a água que bebemos chega em garrafas de plástico da Metrópole; e se chega com uma dorzinha de barriga, é para a Metrópole que se olha e se vai; se queremos luz, temos de comprar combustível à uma empresa da Metrópole; se queremos ter alimentos bastantes para não morrermos de fome, temos de ter uma mão segura no galho da Metrópole (nem independência alimentar temos…); se queremos leis e/ou mostrar que somos influentes, é para a Metrópole que se olha, em busca do Mestre colonial; até a Constituição da República mudamos… para agradar a este velho Mestre que Camões se enganou ao dizê-lo de Restelo; mas não, é da Praia... é dessa gente que ainda sonha ser metropolitana, que ainda traz o Colono na alma e nas acções. E governam a nação… na verdade, muitos deles – se seguirmos a o conceito da jurisprudência do Tribunal Permanente de Justiça Internacional da SDN –, são é verdadeiros filhos da mãe lusa. Pois é a ela que ouvem, que escutam... e é nela que se refugiam sempre: para folgar, para chorar, para curar-se, para morrer.

Os orçamentos «blindados contra a crise» da Ministra Cristina Duarte, são o que são; e vemos isso na ELECTRA. A crise da ELECTRA, e os argumentos (que não aqueles que serviram para enganar o povo, e assim ganhar as eleições) utilizados para justificar o incumprimento do serviço público de água e energia é de um Estado falido!, sem autoridade, sem rumo, sem estratégia. É de um Estado mau. Mas mau de incapaz ou mau de maldade? Quem está no inferno, não precisa de chamar o Diabo para escolher. Por isso, Cabo-verdiano, pode escolher. E o povo, e não a ELECTRA, é que mostra o oriente, forçado, para ser violentado. Quando dirá basta? Até quando continuará a dobrar as costas, de boca seca, na noite escura?...

«A grandeza de um povo está na forma como enfrenta a adversidade», dizia Plutarco. Mas não ter água, electricidade, segurança bastante, justiça justa, salário digno e dignificador da pessoa, etc., etc. malagueta... e uma rede de transportes próprios que  aliados à ausência de autonomia alimentar básica em situação de catastrofe global nos isole e nos faça regredir séculos em termos civilizacionais; mais: nos lance em crises análogas às de 1947. Este é um risco que corremos todos os dias, e como é tud sab p'kagá ninguém pensa nisso. (Basta[rá] quem paraliza a ELECTRA, porque não lhe fornece energia fossil, querer e temos o país parado, isolado... e outras coisas mais que o leitor precisa de espaço para reflexão e ir mais além; como deve.) Não é esta realidade uma adversidade? Para muita gente, não. E isso, mais do que o problema da ELECTRA, é falta de Luz... a que cada um tem em potência ao nascer e adquire por up grade de accção social ao longo da vida. Estamos, todos, pessoas e comunidades, a beira de um retrocesso de desemvolvimento; e ter consciência disso é, já, alguma coisa; já bem dizia Sócrates.

O que é certo é que cada vez fica mais claro, em particular depois das eleições legislativas, que o povo aceita ser governado por quem, tendo problemas de visão, se considera rei e senhor da terra um até queria confundir-se com a luz do Sol, do Estado e da nação.... imagine-se só... e por isso mesmo perdeu, em terra de pouca Luz. Parece que é tudo herança, de filhos da lusa.