quinta-feira, 19 de agosto de 2010

  • ADEODATUS XXVII

Porque gritam os poetas
de pena resgatando as essências
e as lágrimas das mães de todos os Maios
se o bardo maior está silencioso
nas bandas do norte?

Nasci, e sonhava-me pescador.

Rasgado como bordas de rios broncos
tinha, antes de não ter-te,
todos os lugares de oiro de Almahumana
dançando ferida nas covas de Filipos,
o lugar da espera inesperada.

E do sul tenho tudo;
Céu que deixei de orelha furada
e oriente ventral,
o despertar do Ragnarök
que é onde estás à espera, paciente
como a terra verme.
---- Virgílio Brandão
Lisboa, 19-08-2011

Imagem: El abrazo de amor de El universo, la tierra - Frida Khalo

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