- PRETÉRITA NEGRA
A inocência, pretérita negra,
é assim mesmo, ramo primeiro
da Cidade Velha de piratas
e reis sem tronos
que te buscam
em sonhos.
Cru, sem sangue derramado
no teu oiro
– filha de brocardos
e tchom bom d’bos fidge –,
é meio dia ruminar
e amores de um dia florescem em ti
como se fosses manhã dada,
mas a tarde não tarda; não tarda
porque Deus tem uma jaula na mão
e uma peneira de mar e sal de voz…
E chega a margem do deserto silente,
a hora espanto de Aníbal
clara como a sombra do Sol
e do zéfiro dançante
de Santa Cruz mindelense
– sem luz és ponta escura de gongons
no grémio que te assalta a candura; sei.
É tempo de aunar,
o meio dia só acontece uma vez
e os amores de um dia
morrem todos os dias;
o meu, é o teu umbigo esverdeado;
o meu, é a ressurreição matinal;
o meu, pretérita negra,
é esta dor que sentimos – nós,
os do futuro.
Virgílio Rodrigues Brandão,18.09.2007
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 1:00:00 da manhã
Etiquetas: cultura
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário