domingo, 9 de setembro de 2007

A NOVA PERESTROIKA

Sábado de noite – depois de construir este «blog», meu momento de reflexão. Lembro-me de, há exactamente vinte anos, estar a falar com o Rahil Samsser Khan – entusiasmado com o livro «Perestroika» de Gorbachov que acabara de ser publicado em Portugal; não era das minhas prioridades de leitura (Alvin Toffler – A Terceira Vaga e o Choque do Futuro –, Samuel Noah Khamer e E.W. Kenyon estavam no topo da minha lista) e acabei por lê-lo. Na altura disse-lhe que a União Soviética caminhava para a desintegração com a abertura que se anunciava; disse-me, convictamente que não – mas isso era uma evidência para quem «lê a História» (sempre assim: quando um Governo despótico se «humaniza», cai…) e leu atentamente a «Perestroika».

Duas décadas depois, é o que sabemos! Mikhail Gorbachov, na sinceridade dos seus propósitos, pretendia curar a sociedade soviética das suas «doenças» e criar uma sociedade mais igualitária – mas não um capitalismo selvagem, liberalismo autofágico ou uma sociedade escandalosamente desigualitária em que o preço de uma mala vale o salário anual de muitos homens… Não era isso, não…

Hoje, e ao logo dos anos temos visto o antigo Secretário Geral do Partido Comunista Soviético – Mikhail Gorbachov, enriquecer como Conferencista pago a «peso de ouro»; nada mais legítimo. Agora, cede – de vez, aos encantos do capitalismo e se prontificou a ser cara de um anúncio da Louis Vuitton: de mala luxuosa e sobretudo de caxemira passa em limusina de luxo em frente ao muro de Berlim que a sua «Perestroika» ajudou a derrubar.

Ao participar neste anúncio, agora, vem derrubar um outro murro – o ético; para ele, está provado, o capitalismo venceu! Para ele… Mas sabemos nós o que vai na sua alma e quais as suas necessidades? Se não pode fazer um povo feliz, mesmo contra a sua vontade, que seja ele mesmo feliz – a Louis Vuitton ajuda; ai se ajuda…. Seja como for, é de dizer, com Cícero: Oh, tempos, oh, costumes! Pois é, o mundo é mesmo feito de mudanças…

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