PEDREIRO – HOJE.
09.30 AM. Passei a noite nos copos – que coisa boa!
Chequei à casa há pouco; como duas – sim, sou grande… – fatias de melão fresco, bebo um canecão de brinta com leite quase gelado e sento-me a escrever algo antes de ir trabalhar. Bem, antes acho que vou ver um pouco de Animê…
Hoje, vou trabalhar como pedreiro!
Não faço isso desde o meu terceiro ano de Faculdade e pergunto-me: serei capaz de ter o mesmo desempenho de outrora? Serei o matador de tijolos, o preto incansável da talocha grande das empreitadas de reboco?... Admiro-me – bem, nem tanto, talvez… – por estar ansioso; mais do que quando defendo um homicida que sei culpado mas que merece defesa, um traficante de droga vítima da pobreza material ou moral ou uma vítima de uma injustiça qualquer…
Serei capaz de manejar o nível de água com sapiencia? Tratar com destreza a régua de madeira – devidamente verificada na sua esquadria e lineariedade -, a colher de pedreiro, a fita métrica e o cortador de mosaicos?... Ah, mais ainda: lembrar-me-ei bem da dimensão prática de fazer uma massa de três por um (3X1) e de fazer as coisas de forma a não chegar ao fim do dia como um noviço na maratona?
Ao pensar nisso – lembro de que todos os ofícios têm a sua ciência e que todas devem ser cultivadas sob pena de nos tornarmos obsoletos ou passarmos a vida a desaprender o que esta perigranação nos ensina. Lembro-me do ofício – o primeiro que tive aos 14 anos – e anseio este momento de renovação de conhecimento; faço isso porque a minha mãe quer o seu quintal com «mosaico cor de tijolo», prescindindo de alguns prazeres (mas não do seu marmeleiro que lembra «riberon fundo», do agigantado pé de alecrim que lembra-lhe o Porto Novo dos seus tempos de menina e dessa minúscula planta que – trazida da Holanda – teima em dar morangos em Setembro…
O pedreiro que contratou faltou – para cumprir com esse desejo de mãe, sou hoje, de novo, pedreiro.
Ah, vou comer sardinhas assadas (coisas boas guardam-se, nem que seja na arca congeladora…) e carapaus com molho à espanhola (espero) e beber um vinho tinto Amethystos da Grécia que deveria oferecer à minha doce e querida amiga Zita…E, no calor do dia, beber muita cerveja sem censura materna.
Hoje, só hoje… Quando era menino ouvia dizer – porque hoje é Sábado. Um sorriso é o maior salário do mundo – a de mãe, atrapalha Deus! Espero que isso aconteça ao fim do dia...
Post scriptum: O meu amigo Josué enviou-me um sms a dizer que esta noite roubou (¿) as cuecas de uma amiga acindental. Que confissão! Se não estiver cansado para me encontrar com ele, temos conversa para o intervalo do jogo do Benfica...
Lei de Kranske:
«Acautele-se com o dia em que não tenha nada a incomodá-lo.»
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