terça-feira, 11 de setembro de 2007

  • A ELECTRA DE LISBOA E A IMPUNIDADE
Da janela da minha casa tento ver as estrelas no céu… Nada! A culpa, penso, é das luzes que me circundam; da competência da EDP. Desejo: porque não tenho uma Electra aqui!?... Assim, quase de certeza, poderia brincar com as constelações, ser menino outra vez como era em Mindelo – sem predadores de corpo e alma – e talvez lembrar e contar-me umas estórias como «João grande e João pequeno»...

Se as estrelas não estão aqui devem ter migrado para os céus de Cabo Verde, repenso; ou para o firmamento da minha alma – diria, não fosse ter lido há pouco um Relatório [Outubro 2006/Setembro 2007] do Secretário Geral da ONU ao Conselho de Segurança a dar conta de violações em massa de crianças, especialmente de meninas, na Costa do Marfim a coberto de uma «cultura de impunidade».

Deve ser por isso que as estrelas estão escondidas hoje – como eu, têm vergonha deste nosso silêncio cúmplice e desta forma de rapina da vida. O que me arrepia é saber que na nossa terra – na sombra dos silêncios moldados de morabeza toldada – também se cometem estes crimes; pode ser uma questão de grau, mas um crime é um crime, um ser humano é um ser humano. Uma criança e uma estrela são a mesma coisa – afinal não somos pó das estrelas?

Na televisão - lá longe, discute-se o «caso Madelleine McCain»…

O relatório pode ser lido aqui: http://daccessdds.un.org/doc/UNDOC/GEN/N07/487/44/PDF/N0748744.pdf?OpenElement

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