sábado, 11 de setembro de 2010

  • A CORDA DE PAGANINI

No meu sono de Epiménides
escuto o meu poeta a viver-me na dor
das manhãs do Sábado:

«Sou o universo de Bhisma;
uma coisa tão grande e abissal
que Deus é a minha marionete primeira.
E pensa Ele que a ordem das coisas
foram geradas e não criadas
pela sua dança, pela sua liberdade
de ser verbo a libertar-se da luz
dos acordes de Paganini e uma corda.

Proslogion de todas as horas à espera
de ouvidos que ouçam
a pedra que piso: também já foi amor...

Que tragicomédia! o criador
não conhece esta pena que não se curva
para a quebra.»
---- Lisboa, 11-09-2010
Virgílio Brandão

Imagem: Crucifixo – de Kooning

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