quinta-feira, 2 de setembro de 2010

  • PONTIFEX MAXIMUS

Tenho-te até às entranhas
e só não sonho parir-te nos nossos sonhos
porque Sonho é terra pouca
e estarias fora de mim, ó Além do altar
do mundo, do mar de Via Láctea e Shamayim.

Oh, céus! E nós de nós…
Como queria poder dizer-te
com as vozes de El Elohim que migram de mim
quando sou teu à todas as horas
e todos os horizontes de incenso e mirra
que fenecem no langoroso ouro crepuscular
saudoso de nos ver unos.

Dias há em que tudo é mais do que perfeito:
Sou amor de um dia
do meu berço — sua manhã e entardecer…
— e tu és o dia viçoso e luz cortesã,
a alma dos meus aromas a consumir o mundo
quando morro e ressuscito por ti.

Dir-me-ão que te amo… mas não!
Que coisa pouca, amar-te!
Vou te confessar, a ti e ao Mundo todo,
o que sou, tudo o que posso ou poderei ser:
Pontifex maximus de ti!
---- Lisboa, 02-09-2010
Virgílio Brandão


Imagem: Mater — Luis Royo

1 comentário:

Joshua disse...

Muito bonito este e aquele outro que deste o nome de Agape.

Para o que me haveria de dar agora!: apreciar poemas de amor!

:-)

Sabat Shalom