domingo, 26 de setembro de 2010

  • O ALFA E O OMEGA DAS COISAS

A aurora chega insaciável,
prima de oiro: sai da fornalha, fere-me
e assenta arrabalde na minha alma.
Cerca-me, como se eu fosse nova Hatra,
desditada Sagunto e Africa Vetus
antes do mundo novo se afogar de paz.

O Sol beija as folhas verdes
das oliveiras e das vinhas virgens,
os zéfiros cantam rosas que amo
e chove torrencialmente no universo
dentro de mim: nem uma gota de água
apaga a minha sede,  
a minha fogueira e incrustada sede de ti.

A aurora chega, e dói.
Só tu sabes como dói a aurora sem ti.
Só tu sabes como é a minha dor;
só tu, minha dor…
------ Lisboa, 25-09-1010
Virgílio Brandão

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