A UTILIDADE MARGINAL DA REMODELAÇÃO E MANUEL INOCÊNCIO
Quem ler o blog do deputado Humberto Cardoso e atentar no texto A Cidade dos Eventos, e verificar que o novo Ministro do Turismo, Industria e Energia é Fátima Fialho, que detinha a pasta da Economia, fica a pensar… na utilidade marginal e na taxa marginal de substituição da remodelação governamental neste particular. Analogicamente, fico a pensar se o Primeiro Ministro não terá cogitado que Fátima Fialho não alcançou a utilidade marginal no seu desempenho ministerial. É que a Ministra da Economia viu as suas atribuições e competência diminuídas, com a avocação de parte das mesmas pelo Primeiro Ministro, com o Secretário de Estado Adjunto do Primeiro Ministro, Humberto Brito, a curar da Competitividade, Investimentos, Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial. E nem o facto de ficar com a novel pasta do Turismo — é uma impossibilidade criar-se e efectivar-se uma política em nove meses, quando em nove anos não ocorreu ao governo curar do turismo — a salva de uma desqualificação ministerial.
Carlos Veiga diz que é uma remodelação de cosmética — o que poderia ser ou será uma bela ironia. Mas a presente geração da sociedade cabo-verdiana é muito pouco dada a ironias e à sua compreensão. E como o líder do MPD sabe isso, não se pode ter tal como uma ironia. Não seria mais claro que José Maria Neves deixasse de esconder cartas na manga e entregasse estes sectores da Economia (Competitividade, Investimentos, Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial) a Manuel Inocêncio, Ministro dos Transportes e Telecomunicações, que há poucos dias da remodelação dizia que o seu Ministério já cumpriu com o programa do Governo sob a sua tutela? Será difícil de adivinhar porque as coisas se passam desta forma, com política subliminar?
Ademais, ficaria mal se Manuel Inocêncio, depois de dizer que já fez e cumpriu com a sua parte no Programa do Governo viesse, agora e assim de repente, a ficar com parte substancial competências da Ministra da Economia, Fátima Fialho (que continua «Ministra da Economia», mas de partes ou sectores da economia nacional). Além de outras razões que não vêm, agora, ao caso, alguém terá dúvidas de que será o Manuel Inocêncio o verdadeiro Adjunto do Primeiro Ministro nestas questões económicas (nomeadamente a Competitividade, Investimentos, Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial)? É que não se pode, no que a Manuel Inocêncio diz respeito, deixar o homem sem fazer nada e, economicamente falando, uma taxa marginal de substituição dos ministros resulta, como diz José Maria Neves, uma «necessidade».
Imagem: Device for Making Sequins, Leonardo da Vinci
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