quinta-feira, 11 de março de 2010

| DEOFAGIA

Sempre que a noite cai
sei que há um homem que chora, aí.

Sempre que o dia raia
e a aurora despertas as necessidades
sei que há uma mulher que geme, geme
e chora; aí.

Sempre que a tarde corre para o mais,
vejo um menino, um menino nazareno e plano
curvado de velhice acabada de nascer.

E na sombra de tudo isso que é tudo
está um Deus recolector de lágrimas,
um indigente que come cordões umbilicais.
------- Virgílio Brandão

Imagem: Chema Madoz

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