quarta-feira, 3 de março de 2010

  • A NOITE ESCURA E FRIA DO PTS E ONÉSIMO SILVEIRA
       Acabei de ouvir o PTS desperdiçar tempo de antena e eleitores na RCV. Um deserto de ideias, falta de convicção para transmitir uma mensagem que não se sabe bem o que é. É Janus Bifrons sem sentido; tripas nunca foram coração. Excepto no Porto, é claro. Onésimo Silveira poderia ser homem para pensar Cabo Verde como um Estado Ecológico — e, como digo, o país tem todas as potencialidades de para poder ser isso e mais, se o desejar —, mas fica muito aquém disso a sua mensagem ecológica.
      Transformar o PTS numa espécie de Os Verdes de Cabo Verde não chega — há que pensar para além disso, muito para além… e ter-se ideias para todos as esferas da vida da sociedade cabo-verdiana. Se o PTS tivesse um projecto de transformação do país numa sociedade ecológica, daqui adviria, como consequência, toda a fundamentação lógica da vida social, quer no planos político, económico, social e espiritual. Mas o PTS está, em termos de projecto, a anos-luz de tal concepção; o PTS está na noite escura. E os representantes do PTS que acabei de ouvir… não trazem nada de novo ao Partido e colocam o homem sombra para a solidão da noite escura e funda.
       Ouvir a Dra. Nominanda a falar — como se estivesse a ler um texto a um grupo de alunos com dificuldades de aprendizagem… — sobre ecologia e florestas (!?), assim como ver o PTS a repisar a ideia do Senado resultou estranho para mim, uma espécie de dejà vu de qualquer coisa. Não que a ideia em seja estranha, pois não é coisa estranha ao sistema semipresidencialista, pelo contrário: a sua matriz, a Constituição Francesa de 1958, demanda uma segunda câmara. O que é estranho é ouvir-se dizer que Onésimo Silveira não tem influência no Partido, e tudo o que se diz são ideias do não influente Presidente sombra… eu até que apostaria que a representante do PTS tinha a sua frente um roteiro discursivo, preparado por Onésimo Silveira!
       Eu mesmo já cheguei a pensar que a matriz política cabo-verdiana admitiria uma câmara de controlo parlamentar, mas está provado — basta seguir os trabalhos parlamentares — que a qualificação da Assembleia Nacional não está preparado para isso. A realidade determina a regra, o chamado espírito das leis.
       Como dizia Rabindranath Tagore, devemos estender os pés de acordo com o tamanho do nosso lençol. E há lençóis que são curtos, demasiado curtos para noites escuras e frias. Confesso que esperava uma tentativa de ressurreição política mais sustentada e transparente por parte de Onésimo Silveira.

2 comentários:

Tchale Figueira disse...

Meu caro Virgilio, é a miséria humana triste mas verdadeiro. O Onésimo podia dar o seu conhecimento a causas mais reais e não tentar esconder a carapaça na ecologia. OU, talvez escrever alguns livros biográficos. Penso que ele terá muito que dizer. Mas o virus do poder politico, creio, ser maior nele. Que pena!

Abraço fraterno

Virgilio Brandao disse...

Prezado Tchalé,
espero que a inauguração da tua exposição tenha corrido de acordo com o esperado. Concordo contigo, pois o Onésimo Silveira tem um capital cultural que o país com a nossa dimensão não pode desperdiçar. Nem ele...

Abraço fraterno