segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

  • O ASSANGEAMENTO DA POLÍTICA CABO-VERDIANA
A FORCV resolveu assangear o PAICV. A deficiência do site crioulo/americano em lidar com os dados não permite saber até onde vai o assangeamento da vida interna do PAICV/Europa, para desapontamento dos mirones políticos, e não só. O que fica claro, nesta informação trazida a público – que, prima facies, viola o direito a privacidade dos intervenientes, i.e., os autores dos e-mails – é algo que já se sabia há muito: Arnaldo Andrade seria o candidato necessário do PAICV (algumas premissas do PAICV saíram goradas, e a surpresa que esperariam constituirá, hoje, a surpresa que nunca o foi ou poderia ser). Degradando a evidência de que houve uma ineficácia funcionar das estruturas do PAICV a lidar com o factor França (onde Arnaldo Andrade foi Embaixador) no plano interno e com Manuel Monteiro em particular, o que emerge é uma questão ética com raízes em Lisboa.

O Embaixador há muito que sabia que seria o candidato – por escolha do líder do PAICV e da Comissão Política – e, mesmo assim, senão por isso mesmo, andou a seguir os grupos de recenseamento da CRE de Portugal, para os mesmos locais onde iria (irá), depois fazer (continuar) campanha. Um Embaixador, mesmo um Embaixador extraordinário e político, deve estar acima destas questões partidárias, pensar no interesse objectivo da nação. Nem sempre o que é legal é legítimo… diria honesto, como o sábio jurisconsulto romano, se não fosse o facto de a oposição ter andado a dormir nesta matéria, que parecia uma evidência desde que Sidónio Monteiro foi nomeado/plantado Ministro da Emigração e das Comunidades. Ou jogo e/ou a luta políticas permitem algumas coisas que os actores não desejam que venha a publico, até este fenómeno do assangeamento do poder e das entidades com vocação ao poder. Mas não é nada que surpreende: entre o país e o partido os políticos cabo-verdianos parecem que escolhem o partido…

E ao Manuel Monteiro de nada lhe valerá espernear, pois se não fosse o Arnaldo Andrade… seria o Sidónio Monteiro, o Mário Matos (caso já tivesse a sua tese pronta e os benditos e desejados equipamentos de hemodiálise já estivessem instalados em Cabo Verde) ou Álvaro Apolo, o Presidente do Instituto das Comunidades (do Instituto das Comunidades dos militantes do PAICV, diga-se, em abono da verdade) a tirar-lhe o lugar de cabeça de lista para o círculo da Europa. Mas tiraram-lhe mais… e, como Alcindo Amado em S. Vicente, os segredos político-partidários são assangeados. Afinal, o que as pessoas procuram é o connatus essendi e não os interesses objectivos do país.

Dias melhores virão… como o novo ano.

Imagem: Moisés o Núcleo Solar, Frida Khalo (1945)

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