quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

  • A CABEÇA DA MINISTRA DA CULTURA OU DO JURÍ DO PRÉMIO CIDADE VELHA?
O ano de 2010 foi um ano horribilis para a cultura cabo-verdiana; não somente porque morreram muitas pessoas de referência da nossa cultura mas porque a Cultura foi, aos poucos, sendo enterrada. A culpa era do Manuel Veiga, diziam muitos. Era, também... pois a culpa é deste Governo que não sabe lidar com a cultura, a não ser a do favorecimento directo ou indirecto do que lhe agrada, é-lhe agradável ou poderá vir a ser-lhe útil de alguma forma.

A indigitação de Fernanda Marques para Ministra da Cultura, a pouco tempo fim da legislatura e com a desgraduação desta área da governação, não augurava nada de bom. E nada de bom tem sido! Quase que dá para sentir saudades de Manuel Veiga! Pelo menos animava a malta com o seu séquito de alupekadores. A última patacoada do Ministério da Cultura foi a atribuição do «Prémio Cidade Velha», e a consequente descredibilização pública da mesmo, ao Doutor Silvino Évora. Nada contra o anunciado vencedor, cuja obra será uma digna vencedora do «Prémio Cidade Velha», assim como seria de qualquer outro prémio análogo. A questão não é nem está na atribuição do Prémio à obra «Políticas de comunicação e liberdade de imprensa: análise da situação Cabo-Verdiana entre 1991 e 2009» em si. É a tese de doutoramento do premiado e tem, naturalmente, o mérito intrínseco deste tipo de obra. A questão está nos procedimentos, e nas regras que se devem cumprir nos concursos públicos… no «Prémio Cidade Velha», ao caso.

A Ministra do Ensino superior e da Cultura, Fernanda Marques, disse, ao anunciar o vencedor do Prémio Cidade Velha – que, reitero: será mais do que digno e merecedor da distinção –, o contemplado concorreu sob anonimato, com o nome de… Abel Djassi. Mas como é possível o anonimato de uma obra como a apresentada a concurso pelo Doutor Silvino Évora ser anónima? Uma tese de doutoramento? Não falamos do H. de Luna (mesmo este tem um apócrifo do H. de Luna, de meados do Século XVI), não! Falamos de uma tese de doutoramento, no Século XIX. E esta é pública, e foi devidamente publicitada. Sim, a defesa da tese «Políticas de comunicação e liberdade de imprensa: análise da situação Cabo-Verdiana entre 1991 e 2009» de Silvino Évora foi anunciada em tudo o que é órgão de comunicação social… cabo-verdiana! Pelo que não era, não poderia e nem poderá ser considerada uma obra apresentada sob anonimato ou anónima para os jurados do «Prémio Cidade Velha».

A não ser que a Ministra da Cultura e o Júri do Prémio Cidade Velha não saibam o que é o anonimato… o que me parece, prima facies, uma impossibilidade. Assim como os membros do Júri poderão dizer que não conheciam a tese em causa; o que é pior! em jurados de um prémio desta natureza, de um prémio de Cultura. O Diabo que escolha a razão que subjaz à atribuição do «Prémio Cidade Velha» 2010 à uma obra anónima que não o é e nem poderia ser quando o deveria ser. Cabeças deveriam rolar, com este gozo, esta tchakota monumental a que sujeitam a cultura cabo-verdiana. A Cidade Velha, enquanto património Mundial, não pode emprestar o seu nome à estas farsas. Já não digo que o Governo do meu país não o deve fazer, pois o Auto apodíctico é Vicentino… e dispensa críticas. Só posso dizer, com Catão, o Censor: Irascere ob rem grauem.

E com isso, o inbeliscável mérito das pessoas é ferido… e o concurso poderá ser inpugnado pelos demais concorrentes. Criolices! A cultura cabo-verdiana está num abismo; uns choram, outros riem... e há quem sue.

Imagem: El abismo, Luis Royo

2 comentários:

Et disse...

R: Nem da Ministra nem do Júri. Lembre-se dos premiados em 2007?, em 2008? e em 2009? Também esses Doutores ganharam os seus “prémios” pelas respectivas teses de Doutoramentos apresentadas ao concurso sob “anonimato”. Se mais não lhe posso dizer é porque desconheço os regulamentos do Prémio Cidade Velha. A questão é pertinente…? É.

Anónimo disse...

ooooo Moss bó ta matam...rsrsrsrsrs