sexta-feira, 9 de maio de 2008

  • O LUGAR DO SONHO E DAS COISAS
Silvio Berlusconi – com inesperados apoios de uma Europa rumando em direcção às teses da direita xenófoba e desumanizada – já tinha avisado: quer fechar as fronteiras e criar campos de identificação dos estrangeiros sem trabalho em território italiano.

Parece que leva a sério essa promessa, pois a primeira questão do primeiro dia do Conselho de Ministro do seu Governo foi dedicado à imigração. Há que cumprir com alguma coisa de imediato: algo possível, mediato e que satisfaça as hostes descontentes de uma pátria em crise de tudo – não há que saber.

É mesmo uma acção política by the book

Iremos ver em Itália coisas mais gravosas do que já acontece em Lampedusa? Tudo indica que sim, e a nossa memória é fraca, muito fraca. Adensam-se as nuvens negras sobre a Europa “solidária”, também. Nem sempre o lugar do sonho é o melhor dos lugares; as coisas e a ambição não podem nem devem tomar o lugar das pessoas.

É preciso um vigia dos sonhos – pensam muitos. Há quem, mais temerário, pense que um monstro à porta e um big Big brother em casa são capazes de executar essa tarefa. Os sonhos são perigosos e não devem ser alimentados; amanhã podem ter a força dos propósitos – pensam.

Eu sei. Eu vejo. Ah, como gostaria de estar enganado! E ouço uma voz longínqua na ilha de Patmos a clamar: Quem tem ouvidos que ouça...