The Trumpets of Jericho, H. R. Giger
este matiz de dia que te aflige
de sonhos.
Manto desordenado
este que paira em teus lábios
sedentos de manjares inominados...
E não há voz que te acuda!
Só olhos canibais,
desejos redesenhados,
mãos ciganos
te procuram
– em ti há mais chá e mel que oiro...
A verdade,
sabemos, tu e eu:
Só os pobres cantam
«riqueza não dá felicidade»
e somente os feios arvoreiam
que «beleza interior é que importa.»
Não têm olhos sem Eros,
não são mãe,
nem pai
ou tu.
E de ti,
cortesã de Mãe-terra e ideia,
as mossas das auroras
salpicam o dizer:
«Sou filha do pródigo,
em dia de festa reclamada,
desdenhada e não lida,
mas sou uma Laura negra,
com oiro como véu,
semblante angélico,
prole viajante
e céu, sim céu
com aroma de alecrim do Porto Novo
pois ontem choveu
e na minha pele germinou
hoje, outra vez,
este matiz de vida...»
A sedução da vida é breve sonho.
Petrarca
Petrarca
- O INVISÍVEL LÁTEGO
este matiz de dia que te aflige
de sonhos.
Manto desordenado
este que paira em teus lábios
sedentos de manjares inominados...
E não há voz que te acuda!
Só olhos canibais,
desejos redesenhados,
mãos ciganos
te procuram
– em ti há mais chá e mel que oiro...
A verdade,
sabemos, tu e eu:
Só os pobres cantam
«riqueza não dá felicidade»
e somente os feios arvoreiam
que «beleza interior é que importa.»
Não têm olhos sem Eros,
não são mãe,
nem pai
ou tu.
E de ti,
cortesã de Mãe-terra e ideia,
as mossas das auroras
salpicam o dizer:
«Sou filha do pródigo,
em dia de festa reclamada,
desdenhada e não lida,
mas sou uma Laura negra,
com oiro como véu,
semblante angélico,
prole viajante
e céu, sim céu
com aroma de alecrim do Porto Novo
pois ontem choveu
e na minha pele germinou
hoje, outra vez,
este matiz de vida...»
- A pedido de um amigo, repristino este poema.