- AS PRESIDENCIAIS, O MPD E A PACIÊNCIA NECESSÁRIA DO PAICV
Há muito que, aqui por Lisboa, sem tem dito que assim aconteceria, como acontecerão outras coisas no seio de MPD antes da sua Convenção, e outras no PAICV depois de saber quem terá de marcar, naturalmente. Não ficaria surpreso se, dentro de dias, aparecer um artigo ou uma declaração de Imprensa de um tocador de tambor a gritar: «Jorge Carlos Fonseca,1 you are the man! – Candida-te», e assim abrir as hostilidades necessárias no seio do MPD para se encontrar "a solução de consenso" que a Comissão Politica do MPD pretende (a lista única), e que o Jorge Santos e o Carlos Veiga sabem bem qual é.
A Isaura Gomes sabe que a única solução digna para ambos não a beneficia, nem ao candidato putativo mas esperado que é o Jorge Carlos Fonseca; se bem que este poderá ter uma vantagem política sobre a edil mindelense, pois poderá emergir como um candidato não fraturante. Para isso não irá correr atrás da Isaura Gomes, irá ter paciência - como convém. Mas a Zau, emotiva como é, pensará que o melhor é chegar primeiro ao já “lugar marcado” de candidato. Só que desta vez, ao contrário do aconteceu com Mascarenhas Monteiro, é mais difícil que conseguir arranjar um bilhete de estreia no antigo Tuta (Cinema Miramar). É hora de chamar o Fôte!, pois vão haver empurrões.
Se Jorge Santos está está a ser empurrado para o suicídio político – há quem queira mesmo um homicídio político... – Carlos Veiga arrisca-se, também, a um suicídio político, a nível externo e no seio do MPD, e a Comissão Política tenta evitar isso; pois sabe que uma eventual derrota do Carlos Veiga é a morte de matá cabeça do ex-Primeiro Ministro e candidato presidencial. Este sabe(rá) que é, para o MPD, muito mais importante ganhar as eleições legislativas que as presidenciais – e que, num cenário de eventual vitória sobre José Maria Neves nas legislativas (lá para o fim do ano veremos se se o actual Primeiro Ministro será ou não o candidato do PAICV às legislativas ou se irá às presidenciais – que está quase, quase… à sua mercê) não só recuperaria o elan de vitória do MPD mas abriria as portas a um futuro presidencial. Mas sabe, tem consciência, que anda na corda bamba. É preciso muita coragem política e dimensão de risco para isso, diga-se de passagem.
As viagens de algumas figuras presidenciais do PAICV, como David Hopffer Almada e Aristides Lima (este é, na esfera política do PAICV, com o actual Primeiro Ministro, a figura com melhor perfil para o cargo presidencial – tem o handicap de ser muito formal, não ter a dimensão popular que o povo gosta), à diáspora é um sinal preparatório das suas aproximações às comunidades no exterior. Mas sabem, todos eles, que estão reféns da decisão do líder, José Maria Neves, ser ou não candidato às presidenciais; ou do poio expresso que este venha a dar a este ou aquele candidato. Emergirá um delfim no PAICV, depois da Convenção do MPD? É o mais provável, e previsível; tudo indica que sim. Seja qual for o cenário, será preciso; aliás, o Primeiro Ministro José Maria Neves deve ter em atenção que se arrisca a ser uma espécie de escalipto no plano da liderança do seu partido, o que pode ter custos consideráveis no futuro.
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[1] Não me surpreenderia se o Jorge Carlos Fonseca fizesse esse papel, promovendo a candidatura de Eurico Monteiro, ou do necessário “candidato de consenso”. Mas teria de fazer das tripas coração, certamente.
Imagem: O Falso Espelho, René Magritte
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