segunda-feira, 8 de junho de 2009

  • EUROPA DE PARTIDOS OU DE CIDADÃOS?
O teor e sentido das campanhas eleitorais para o Parlamento Europeu deixaram-me agoniado – pois o sentido da cidadania e a necessidade de engajar esta no futuro da Europa ficou de fora, mais uma vez – com o discurso direita-cento-esquerda. Um discurso que desvirtua a natureza do Parlamento Europeu e afasta os cidadãos das instituições e da ideia de Europa, promovendo o individualismo e o divórcio entre a cidadania a actividade política. Triste, no mínimo. Assim, e no cenário de crise existente, como é que a «direita», nomeadamente a populista, poderia perder estas eleições? A esquerda que cresceu, que teve resultados dignos, foi a esquerda mais incisiva, com um discurso próximo da ruptura com o establisment, a direita que não cresceu foi a que um discurso soft em dadas matérias.

Estes resultados das eleições para o Parlamento Europeu, de França, Itália a Holanda (e Portugal, a seu modo) não auguram nada de bom… nada de bom mesmo. A culpa é quem? Dos cidadãos, que deixaram os partidos usurpar o Forum que deveria ser um plenário da cidadania, mas que é uma mera extensão dos interesses politico-partidários. 66,6% de abstenção é um absurdo numa sociedade dita democrática, quase desiligitimadora do mandato dos eleitos. Se estivéssemos perante um referendo, não faltariam vozes a dizer que não seria válido. É uma forma dos cidadãos dizerem: não vale a pena votar, não merecem o meu voto. Têm razão. Mas as coisas não deveriam ser nem seriam assim se deixassem a apatia e se preocupassem em saber o que é, na verdade, a Europa e as suas instituições. O Parlamento Europeu segue para um novo mandato, mais um mandato refém dos partidos políticos, e respectivas suas famílias políticas. É, depois do Estado de Partidos, a Europa de Partidos.

Imagem: Estudo de nu, Pablo Picasso

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