quarta-feira, 3 de junho de 2009

  • QVO VADIS, MPD?
O anda o MPD a fazer, afinal? Qual é o mal que advirá ao Mundo se se discutir a liderança do Partido nos moldes de um partido democrático? – pergunta-me o meu poeta. A lógica do movimento, da onda, está esgotada há muito; não basta ser-se contra, ser-se oposição, é preciso ser-se melhor; tento esplicar ao meu poeta. E pluralismo monolítico não é solução; do confronto é que saiem as soluções e não do unanimismo frouxo, falso e conjuntural.

O meu poeta, o meu poeta não percebe que qualquer resultado que não seja uma aclamação do Carlos Veiga será, para ele, uma derrota. A Comissão Política do MPD sabe isso, e tem de mitigar os estragos que a candidatura natural do Jorge Santos causará ao projecto de “salvação nacional” que Carlos Veiga quer(erá) encarnar. Mas como pode o Jorge Santos deixar a liderança do Partido, para dar o lugar ao ex-Primeiro-Ministro, sem passar a ideia de que foi um líder de transição, que foi “plantado” na liderança para atravessar o deserto e que não tem nem nunca teve a ambição de liderar o país e muito menos um projecto real para Cabo Verde?
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Mais: como fazer o que a Comissão política quer sem fazer das duas uma: (i) tirar o tapete a Carlos Veiga – o que é bastante improvável, pois este não avançaria se não tivesse as espingardas bem contadas – ou (ii) passar ideia de que o MPD é uma coutada de Carlos Veiga & Co. e que Jorge Santos terá de se remeter a condição de peão em nome dos “interesses” do partido e da nação?
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A solução a estas questões até que são relativamente simples – se descontarmos pormenores da humana conditio –, o timing natural é que não ajuda; e o timing que o próprio MPD constrói não ajunta, espalha. Desperdiça capital, humano e de valor e arrisca-se a hipotecar parte substancial do futuro. O que a Comissão Política quer evitar é o inevitável, e o problema não se reduz a quem será o Presidente do MPD, é mais, muito mais do que isso. A procissão ainda vai o adro; e os prognosticadores de pena alheia, sacerdotes de Delfos da morabeza, hão-de aparecer para tocar os tambores necessários. Qvo Vadis, MPD?
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Imagem: Jackson Pollock trabalhando

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