- ARMÉNIO VIERA LEU OS LUSÍADAS NO VERBO
O tempo é o maior julgador e, assim como não se pode esconder a candeia debaixo da mesa, não se consegue esconder o rugir do tigre na noite escura. E o que tem de ser, será… «quando for tempo disso» – diz o poeta. No outro dia o poeta José Luiz Tavares dizia, numa entrevista ao jornal A Nação, que Arménio Vieira era o maior escritor cabo-verdiano vivo. Bem, acaba de ser-lhe atribuído o Prémio Camões – o maior galardão literário da língua portuguesa, uma espécie de Nobel da lusografia. Merecido! Justo! Antes, já era merecido. Torna-o o maior escritor cabo-verdiano vivo? Os técnicos e os seus pares assim dizem...
A última obra que li dele, Mitografias, é um dos melhores livros publicados em língua portuguesa dos últimos anos. Deus tem destas coisas, um poeta quase esquecido na sua terra acaba por ver o seu mérito publicamente reconhecido no exterior. Este reconhecimento servirá para chamar atenção não para a obra de Arménio Vieria, pois os leitores que lêem conhecem-na bem, mas, essencialmente, para a literatura cabo-verdiana. Mas há quem tenha olhos e não veja.
Este Prémio Camões não é um prémio em sentido próprio, é um reconhecimento e uma merecida forma de dizer obrigado a Arménio Vieira pela sua poética que extravaza a dimensão das ilhas atlânticas e a alma das suas gentes. Amanhã todos aplaudirão o poeta, levantarão vozes altisonantes em seu louvor – mas esquecerão o ontem, quando o seu labor precisava de mais que uma não política de e da cultura. Mas o poeta esperou, o poeta sempre espera… Avé Arménio Vieira!
Imagem: René Magritte, Discovery
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