- AS ELEIÇÕES DA BÉLGICA. O FIM DO REINO DA BÉLGICA?
As eleições na Bélgica e os resultados do escrutínio. Para seguir ao pormenor, a quem se interessar. E interessa a todos, pois, ao que parece, os belgas não se entendem - e pode arrastar a Europa numa crise que se tem tentado ignorar e evitar. Mas pode-se evitar um nacionalismo genuino, e uma crise de identidade política e ideológica num Estado mosaico no plano político e cultural?
A vitória do N-VA (Nova Aliança Flamenga), que levará a um Governo minoritário e de continuação da crise — pois é improvável que venha a conciliar-se com o PS (que se tornou a maior família política belga), e, acabará por levar os nacionalistas da Flandres a pedir a cisão do Reino da Bélgica. A irracionalidade do voto tem destas coisas, pois a Bélgica precisava de um Parlamento com outra estrutura e de um Governo que pudesse ser sustentado por uma maioria minimamente confortável. Via a estação de Televisão belga LaUne e um jornalista belga perguntava à uma cidadã de Liége, simpatizante e votante do N-VA, sobre o que era preciso fazer no futuro, e ela respondeu:
— Muitas coisas!
— O quê, por exemplo — perguntou o jornalista.
— Oh, não preparei a minha entrevista... — replicou a cidadã.
.
Uma resposta eloquente sobre o que é, de verdade, a liberdade de voto democrático. A Europa não precisava da continuação da crise política belga, e muito menos de um recrudescimento do nacionalismo no seio da União Europeia. O Partido Socialista, com base na sua base de apoio — ao nível da família política —, quererá ser Governo (e muito provavelmente sê-lo-á); o N-VA poderá querer impor uma agenda nacionalista, e pode querer, também ele, ser Governo com base no facto de ser o partido mais votado, ainda que um voto geograficamente concentrado. Será o princípio da continuação da crise que começará amanhã; mas é mais do que isso: é o princípio da cessação da Flandres do Reino da Belgíca, como preconiza o N-VA.
Uma resposta eloquente sobre o que é, de verdade, a liberdade de voto democrático. A Europa não precisava da continuação da crise política belga, e muito menos de um recrudescimento do nacionalismo no seio da União Europeia. O Partido Socialista, com base na sua base de apoio — ao nível da família política —, quererá ser Governo (e muito provavelmente sê-lo-á); o N-VA poderá querer impor uma agenda nacionalista, e pode querer, também ele, ser Governo com base no facto de ser o partido mais votado, ainda que um voto geograficamente concentrado. Será o princípio da continuação da crise que começará amanhã; mas é mais do que isso: é o princípio da cessação da Flandres do Reino da Belgíca, como preconiza o N-VA.
Assistiu-se, hoje, ao fim do Reino da Bélgica? Sim, do seu inelutável início. E o paradoxo é que é um reino desmantelado pela democracia... by the book da História.
Sem comentários:
Enviar um comentário