terça-feira, 28 de dezembro de 2010

  • O CONDICIONAMENTO PRESIDENCIAL E AS LISTAS PARA AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 2011
David Hopffer Almada leva a sério o seu projecto presidencial. A sua ausência das listas do PAICV para as eleições legislativas de 06 de Fevereiro de 2011, depois de ter sido cabeça de lista nas eleições de 2006, é a postura ética necessária de um candidato a Presidência da República de Cabo Verde. Aliás, o candidato parece já ter cartaz e mote de campanha: «Cabo Verde em Primeiro Lugar».

Começa bem, ao não ter a veleidade de pensar os cabo-verdianos são cordeirinhos acéfalos e aperceber que colocar interesses pessoais imediatos e a segurança institucional ancorados na função de deputado e num patente servilismo partidário colocava-o, de forma irremediável, fora da corrida presidencial, pelo menos com verdadeiras possibilidades de chegar a Presidente da República. Aristides Lima, que eu tinha, na esfera política do PAICV, como melhor candidato que David Hopffer Almada e Manuel Inocêncio Sousa, infirmou (tenho de admitir…) esta minha convicção de forma inusitada: a sua decisão de encabeçar a lista do PAICV, pelo círculo da Boa Vista, para as eleições legislativas de 2011, quando o que deseja, confessadamente, é ser candidato a Presidente da República, desqualifica-o politicamente para o cargo de Presidente da República.

Aristides Lima não deu um tiro no pé, não; fez pior: agarrou numa Kalashnikov e amputou ambas as pernas. E parece não perceber isso… David Hopffer Almada, sagaz ou devidamente aconselhado, aproveita-se deste facto e dá-lhe uma lição de oportunidade política com o slogan: «Cabo Verde em Primeiro Lugar», i.e, o partido depois (subliminarmente). Mesmo que não pense assim… não o diz; faz o que é preciso parecer (E isso, em política, conta!): que coloca a vontade de ser Presidente da República e de todos os cabo-verdianos acima do confortável compromisso de servir o partido, garantir o lugar de deputado e depois candidatar-se a Presidente da República. O que diz é que respeita os cabo-verdianos, que não os quer enganar nestas eleições legislativas: suspender ou utilizar funções para ajudar o PAICV a ganhar eleições ou instrumentalizar a função de deputado na Assembleia Nacional. Se estivesse numa «prova cega» de acções politicas… diria que um era outro.

O que é certo é que o condicionamento presidencial começa a fazer baixas consideráveis nas listas dos partidos e na política cabo-verdiana. O que é um facto a saudar, pois é um sinal de que a ética democrática começa a fazer sentido para uma geração formatada no autoritarismo e na ausência da ética democrática e do respeito pelo povo e a sua soberania. O que é tem de parecer, e ser. |

1 comentário:

Anónimo disse...

Não obstante a tua interessante observação o meu candidato será: Aristides Raimundo Lima. David e Zona tiveram um percurso político claudicante,por essa razão não aspiram confiança.
Big Drops.