- O TEMPO E A VIDA
Este poema é dedicado ao João Branco que, segundo a arcana e eterna lei do ser, perdeu o umbigo da vida (Ah!, porque não existe uma pílula do esquecimento da dor, sem termos de esquecer as alegrias dos que nos construíram?):
AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida – a verdadeira –
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém – ao voltar a si da vida –
acaso lhes indaga que horas são...
--- Mário Quintana
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