sábado, 22 de março de 2008

AUTARQUIAS. O «OBJECTIVO 11» DO PAICV

  • O líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) e Primeiro Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves anunciou que o objectivo do seu partido é vencer 11 das 22 Autarquias em disputa nas eleições autárquicas de 18 de Maio. 11! Sim, onze. Não estou em erro; já tinha conhecimento deste facto mas não o levava a sério. – Deve ser brincadeira, pensava.

    Mas, afinal, o objectivo é ganhar as eleições, não perder ou empatar? Terá este «objectivo 11» alguma coisa a ver com os novos Municípios que foram criados? Lembro-me, há alguns anos, do Governo de António Guterres (depois de sucessivas derrotas do PS num dos maiores Concelhos da Europa e uma perdida especial do actual Presidente da CM de Lisboa – António Costa; ficou-me na memória a corrida entre o burro e o Ferrari na Calçada de Carriche e o champanhe, aberto com a televisão em directo, que amargou na contagem dos últimos votos) ter tido a genialidade política de dividir o Concelho ao meio.

    Loures passou a ser dois conselhos – o de Loures e o de Odivelas (zona decisiva e onde o PS perdia, sempre, as eleições para o PCP). Ao fazer a divisão, o PS – que sempre perdera para o PCP –, ganhou dois Concelhos: o de Loures e o de Odivelas (nomeando uma Comissão Instaladora do Município e cujo Presidente viria a ganhar duas as eleições seguintes, até ser substituído – nas últimas eleições, por uma pessoa de confiança do Partido).

    Demétrio Alves, então Presidente da CM de Loures, demitiu-se momentos depois da Assembleia da República ter aprovado a lei – sabia que, em termos práticos, tinha perdido o poder no Município e restava uma saída honrosa, pela porta grande, ofendido com a indignade com que o poder central tratava as autarquias.

    Lembrei-me deste exemplo, agora…
    Não quero crer que o objectivo «onze para cada lado» seja falta de vontade de ganhar – pois mal, muito mal vai o líder que prescinde de ganhar. Seria a imagem do país: a do seu líder que não se atreve a querer ganhar.

    O PM pode e deve fazer mais: tem de dar uma imagem de ambição às suas hostes e ao povo. Se perder, perde. Isso faz parte da vida e o poder não é para satisfação do ego pessoal (ainda que faça bem…) mas sim para ajudar o povo a ter uma vida melhor; ou, pelo menos, a ter a ambição de sonhar.

    Até parece que somos masoquistas. A ser assim – na eventualidade desse empate –, o problema que se viria a colocar depois seria a da eleição do Presidente da Associação Nacional dos Municípios. Como conseguir um consenso nessa matéria? Já vimos que consensos entre o MPD e o PAIVC são partos difíceis; e o povo é que tem dor d´barriga.

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