- Ontem foi o Dia da Mulher cabo-verdiana – uma espécie de Afrodite renascida em penitência às margens do Atlântico. Hoje, comecei o meu dia a escrever um poema à alma-raíz da cabo-verdianidade: às mulheres do meu berço.
Com vénia e penitência por merecerem mais, fica aqui gravado.
ALMA D´UM CRÊBO TCHEU
Sete mil pés de ti
arvoram os porões de alma espúria
da Argos às margens do Tarrafal
e teu olhar silente.
Procura, como seiva raíz parideira,
teu ventre de alma-verbo-penitente
– ruas de Nova Jerusalém aqui.
É a Norte! – gritam sete mil pés convictos.
– É a Sul, no berço do barco-beijo do Atlântico,
a oeste da Terra firme – insiste a Argos.
... Norte-Sul. Sul <> Norte. Lutam
o tempo de um sonho. Acumina.
A Argos e sete mil pés de ti navegam... Sul<>Norte. O lugar...
E eu (de orelha furada escravo,
argonauta de ti, das tuas horas sim)
– tenho todos os pés do Mundo
para te encontrar – menos tu,
pétala, ardósia viva, mar sendento, Om,
santa d´Um crêbo tcheu e mais:
como a mãe de todas as línguas
és YHWH e não sei dizer-te
alma d´Um crêbo tcheu só num dia.
sexta-feira, 28 de março de 2008
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 8:52:00 da manhã
Etiquetas: cultura, estados de alma, sociedade
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