sexta-feira, 28 de março de 2008

  • Ontem foi o Dia da Mulher cabo-verdiana – uma espécie de Afrodite renascida em penitência às margens do Atlântico. Hoje, comecei o meu dia a escrever um poema à alma-raíz da cabo-verdianidade: às mulheres do meu berço.

    Com vénia e penitência por merecerem mais, fica aqui gravado.

  • ALMA D´UM CRÊBO TCHEU

    Sete mil pés de ti
    arvoram os porões de alma espúria
    da Argos às margens do Tarrafal
    e teu olhar silente.

    Procura, como seiva raíz parideira,
    teu ventre de alma-verbo-penitente
    – ruas de Nova Jerusalém aqui.

    É a Norte! – gritam sete mil pés convictos.
    – É a Sul, no berço do barco-beijo do Atlântico,
    a oeste da Terra firme – insiste a Argos.

    ... Norte-Sul. Sul <> Norte. Lutam
    o tempo de um sonho. Acumina.

    A Argos e sete mil pés de ti navegam
    ... Sul<>Norte. O lugar...

    E eu (de orelha furada escravo,
    argonauta de ti, das tuas horas sim)
    – tenho todos os pés do Mundo
    para te encontrar – menos tu,
    pétala, ardósia viva, mar sendento, Om,
    santa d´Um crêbo tcheu e mais:
    como a mãe de todas as línguas
    és YHWH e não sei dizer-te
    alma d´Um crêbo tcheu só num dia.

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