sábado, 9 de agosto de 2008

  • PERGUNTAS E RESPOSTAS DE MORTE
Os cidadãos brasileiros abatidos pela polícia de segurança pública portuguesa na noite de Sexta-Feira sê-lo-iam se fossem portugueses?
– Não, de certeza que não!

E se fossem negros?
A resposta é: seriam abatidos!

Mas, e se fossem ingleses?
– Bem, seriam tratados como foram os MacCann – cidadãos especiais, com privilégios que nunca vi os próprios portugueses terem… – e teriam direito a cafezinho, chá da India ou de malva e, quem sabe, bolachinhas até se encontrar uma solução negociada e adequada.

Mas o clima xenófobo que se vive no país – desde há alguns anos – existiria se um Ministro da Administração Interna do Governo de Cavaco Silva não tivesse disto, como todas as letras, que a culpa da criminalidade em Portugal era dos imigrantes (entenda-se os negros) e da prostituição no país das brasileiras?
– Ao nível actual, duvido.
.
Esta afirmação estigmatizou os cidadãos brasileiros (quando tinham uma imagem substancialmente positiva no país, sendo, inclusive, vistos com admiração) e africanos em Portugal e isso é sentido no sistema judicial e na acção da polícia em geral.

Não vou tão longe como um amigo que me dizia que esta foi a oportunidade da Polícia de Segurança Pública vingar a morte de um dos seus agentes por um imigrante brasileiro. Não será assim, mas que parece, parece.

Será que sou eu que vejo mal (e não é preciso ser-se técnico de estratégia policial para se perceber o sentido das imagens entretanto divulgadas…), ou a posição dos cidadãos em causa era de pré-rendição e não de maior perigo para as vítimas?

Se assim é (for), porque dispararam os agentes? Mais, como é possível aplaudir a morte de um homem e caucionar este tipo de violência – quer da polícia quer dos agentes do crime? Vi, e não gostei! O que é de se lamentar, ainda mais, é a mensagem que se passa na comunicação social de que os cidadãos aplaudem a acção e «se sentem mais seguros» com uma «polícia assim».

Em situações análogas nunca aconteceu nada parecido. Inaugurou-se um novo paradigma de intervenção policial, ou pelo contrário, o meu amigo tem razão no seu desabafo?
Sem souber que diga. Eu cá tenho as minhas conclusões.

Ah, existe alguma ironia nesta situação: os agentes do grupo de operações especiais da PSP, ao que se sabe, foram treinados pela polícia militar brasileira. A vida tem destas coisas…

Sem comentários: