segunda-feira, 4 de agosto de 2008

  • SILÊNCIO?
Os visitantes de terra-longe já devem ter percebido: cultivo o silêncio e as ausências. Gosto de estar só, tranquilo, de ter tempo para ler, pensar e – ao contrário do que possa parecer – estar longe da tecnologia que tem a tendência de ditar regras que me desagradam. O silêncio é, também, um refugio e uma arma contra o «extâse inquientante» – tomando emprestado expressão e sentido de Alain Finkielkraut – que oprime.

A omnipresença não é, de algum modo, uma forma de não existir verdadeiramente? O espaço interior, de reflexão, de auto-análise, de silêncio atento deve crescer, como o deserto; se isso não acontecer, outra coisa ocupará esse espaço e crescerá.

Não é fácil de perceber, entendo. Mas a saudade e as alegrias dos reencontros e das novidades emergem dos silêncios, das ausências. Não é só a terra que fica longe, a alma também; e por isso é preciso, não raras vezes, escutá-la. Uma dieta de silêncio em relação ao mundo que nos rodeia e de ausência de tecnologia tem, verdadeiramente, a sua utilidade; consegue-se ver coisas que normalmente escapam aos sentidos e, até, à razão…
  • Imagem: Pendant Iyoba mask, 16th century, Benin

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