sábado, 23 de agosto de 2008

  • DA FORÇA DA ESTRATÉGIA À ESTRATÉGIA DA FORÇA
O Mundo está, mais uma vez, sob o espectro da guerra e a Europa é, outra vez, o palco da sua origem. No passado a arte da guerra, como diria Sun Tzu, dependia em grande parte da capacidade e do génio militar do homem, hoje não; depende sobretudo da capacidade e desenvolvimento tecnológico e militar das nações.

Olhando o passado, é fácil dizermos que Napoleão Bonaparte é, conjuntamente com Alexandre da Macedónia, Aníbal – o africano, Cipião, Júlio César e Rommel, os maiores senhores da guerra e estrategas militares da história veiculada no ocidente.

Certamente que os ingleses, lembrando-se da Batalha de Trafalgar, dirão: – E o Almirante Nelson? Grandes vitórias teve Lord Nelson, sim; mas não se compara em génio à esses estrategas. Do mesmo modo que os islâmicos poderão invocar Saladino e os euro-asiáticos Átila – o Huno. Acontece que estes, ainda que com lugar de referência na história militar, venciam não por ser grandes estrategas mas sim pelo número e pela força esmagadora dos seus efectivos.

Hoje, com o nuclear e as novas tecnologias, esses grandes estrategas seriam não mais que Saladinos ou Átilas de secretaria com olhos nos satélites, lançando bombas de fragmentação (como as usadas pelos Estados Unidos no Afeganistão e pelos aliados na ex-Jugoslávia) e prontos a usar bombas nucleares, se necessário.

A humanidade evolui, dizemos, mas a verdade é que não estou tão certo disso quando penso no espectro de destruição bélica que circunda todos os dias e nesta realidade objectiva que já não é a estratégia do mais capaz que dá vantagem nos campos de batalha – mesmo nas ditas «guerras justas» tão bem defendidas por Grocius (Do Direito da Guerra e da Paz, III) – mas sim a capacidade tecnológica e de meios.

Será por essa razão que o Presidente da Geórgia coloca uma bandeira da União Europeia ao lado da bandeira da Geórgia? Espera, com isso, arrastar a Nato para o conflito? Espero bem que não! Ou espera, com a ajuda da União Europeia, gerar um efeito dissuasor? Talvez…, mas é preocupante o facto da União Europeia se silenciar sobre este facto, sendo certo que não tem capacidade militar real para enfrentar a Rússia.

Mas os Estados Unidos sim. E se a União Europeia entrar no conflito, seja de que forma for, os Estados Unidos da América serão forçados – pelas obrigações emergentes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO/OTAN) – a entrar nela. É, sem dúvida, a estratégia subliminar da força que pode levar-nos à uma guerra mundial ou a paz. É um jogo de guerra muito perigoso – e nós estamos no meio, com os nossos dias a rodar na inocência e na ignorância.

Lembremos que a I Guerra Mundial (1914-1918) teve inicio com um acontecimento nefasto mas que não fazia adivinhar a tragédia que se passaria a seguir: o homicídio do Arquiduque Frederico Ferdinando da Áustria e da Hungria, na cidade de Sarajevo. Assim como a II Guerra Mundial (1939-1945) teria inicio com a invasão da Polónia pelo ambicioso Adolf Hitler e que arrastaria o resto da Europa para uma guerra medonha.

A história deve servir para alguma coisa; nomeadamente para nos ensinar a não cometer os mesmo erros. Mas os europeus são tão teimosos! A guerra parece estar na sua natureza e não consegue extirpá-la de vez. Espero que não seja ela a extirpar-nos a todos desta terra, pois a próxima guerra na Europa não deixará muita coisa viva no planeta.
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  • Imagem: Napoleão Bonaparte

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